Jornalista paquistanês que critica governo diz que escapou de sequestro

Crédito: Caren Firouz/Reuters O jornalista Taha Siddiqui aguarda em frente a uma delegacia após dar seu depoimento
O jornalista Taha Siddiqui aguarda em frente a uma delegacia após dar seu depoimento

DA REUTERS

O jornalista paquistanês Taha Siddiqui, conhecido pelas críticas que faz aos militares, disse nesta quarta-feira (10) que conseguiu escapar de uma tentativa de sequestro feita por um grupo de homens armados.

No últimos meses, Siddiqui disse estar sendo perseguido pela forças de segurança do país devido a suas denúncias.

O jornalista, que trabalha para o canal francês France 24 e para o indiano WION, disse que o ataque aconteceu quando ele ia de táxi para o aeroporto de Rawalpindi, próximo a capital paquistanesa Islamabad.

"Eu estava no meu caminho para o aeroporto às 8h20 quando 10-12 homens armados pararam meu carro e tentaram me abduzir à força. Eu consegui escapar. Seguro e com a polícia agora", escreveu ele em um rede social ao revelar o caso.

"Em busca de qualquer suporte possível", disse, usando a hashtag #StopEnforcedDisappearances ("parem com desaparecimentos forçados", em tradução livre).

Grupos de direitos humanos têm denunciado nos últimos meses os sequestros de diversos ativistas que usam as redes sociais para criticar as forças de segurança do Paquistão.

Em 2017, cinco blogueiros paquistaneses desapareceram por diversas semanas. No fim, quatro foram liertados e dexaram o país —sendo que dois deles disseram depois terem sido torturados por agentes do serviço de inteligência estatal.

Os militares e o governo civil negam ligação com os sequestros.

SEQUESTRO

Siddiqui disse à agência de notícias Reuters que estava no táxi em uma rodovia em direção ao aeroporto quando um outro carro se jogou na frente do seu veículo, obrigando o motorista a parar.

Segundo ele, cerca de 12 homens armados com fuzis o arrancaram do carro, bateram nele e disseram que iriam matá-lo.

"Eles me jogaram no banco de trás do veículo no qual estava viajando, mas a porta do outro lado estava aberta", disse o jornalista. "Eu então saltei para fora, corri e consegui pegar um táxi que estava próximo, cujo motorista então acelerou."

Em sua declaração para a polícia, segundo a Reuters, Siddiqui disse que durante o ataque chegou a pedir ajuda para um veículo de militares que passava por perto, mas ele disse que os agressores sinalizaram para que os soldados deixassem o local.

O jornalista disse ainda que já foi "intimidado" por diversos agentes de segurança, tanto civis quanto militares e que sua "vida está em risco". Por isso, pediu proteção policial para ele e para a família.

Siddiqui disse ainda que precisa de ajuda para recuperar seus bens que estavam no táxi, incluindo seu celular, seu notebook e seu passaporte.

No ano passado, o Comitê para a Proteção de Jornalistas pediu à Agência Federal de Investigação do Paquistão que "parasse de intimidar Taha Siddiqui". O órgão civil é acusado de ter iniciado uma campanha contra ativistas que denunciam os militares paquistaneses. Siddiqui também já entrou com um pedido na Justiça para que a agência mudasse seu comportamento.

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