Moderados ganham força no governo Trump após queda de nacionalistas

ESTELITA HASS CARAZZAI
DE WASHINGTON

Em um ano de gestão trumpista a se completar dia 20, alguns dos nomes mais influentes da Casa Branca —e que fazem a cabeça do presidente Donald Trump— mudaram.

Após tensões internas e pressão da opinião pública, o republicano removeu assessores de viés mais extremo, que ecoavam agendas ultranacionalistas, e aceitou influências moderadas em seu círculo mais próximo.
Mas quem acompanha a Casa Branca de perto espera um 2018 "com mais Trump e menos gabinete" e de novos rompantes nas redes sociais.

Trump começou o governo cercado de nomes antiestablishment e de pouca experiência na política, no tom de sua campanha à Presidência. Em semanas turbulentas, anunciou medidas como o veto a cidadãos de seis países de maioria muçulmana e o fim de acordos comerciais e ambientais históricos.

O condutor principal desse esforço era Steve Bannon, líder da direita radical e artífice do bordão "América em primeiro lugar" de Trump.

Com o agravamento das brigas internas e de pressões do próprio partido, o presidente se viu obrigado a trazer nomes moderados. A mudança foi liderada pelo chefe de gabinete, John Kelly —que assumiu em julho e virou um dos principais assessores.

Hoje, o general reformado lidera a "ala dos moderados", que vive em queda de braço com assessores linha-dura. Integram o esforço moderado, além dele, o secretário da Defesa, James Mattis; o secretário de Estado, Rex Tillerson; e o assessor de Segurança Nacional, H. R. McMaster —três militares e um executivo.

A política econômica se aproximou da cartilha republicana, com medidas como corte de impostos e a retirada de regulações. Mas, para analistas conservadores ouvidos pela Folha, que preferiram falar sob anonimato, "Trump ainda é o que é".

Com a saída de Bannon, que acabou virando desafeto público do presidente após a divulgação de críticas em um livro sobre a Casa Branca, outros nomes da direita radical cresceram no gabinete.

O principal é o assessor sênior Stephen Miller, uma "herança" de Bannon, que se alinha ao republicano em posições linha-dura na imigração.

Também estão em boa cota o senador Tom Cotton, ex-militar, e Paula White, pastora pentecostal conselheira espiritual de Trump há anos.

Em entrevista recente, White se vangloriou das realizações de Trump no primeiro ano de governo. "Espere até o final deste ano. Nós tocaremos em tudo", afirmou a pastora a uma rede cristã.

A família do republicano (os filhos Donald Jr. e Ivanka Trump, e o genro Jared Kushner) ainda ocupa cargos estratégicos na Casa Branca.

Mas, se antes era farta a exposição pública, agora a família diminuiu sensivelmente as aparições, em possível estratégia para evitar questionamentos sobre o seu envolvimento com agentes russos.

O FBI investiga o caso, e apura em especial uma reunião de membros da campanha de Trump (incluindo o filho e o genro) com russos.

Trump, porém, permanece imprevisível, mesmo sob escrutínio dos assessores. "O único que importa sou eu; minha visão é minha visão", disse recentemente à Fox News.

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