O ex-presidente do Equador Rafael Correa deixou nesta terça-feira (16) da Aliança País (AP), partido que fundou e com o qual governou por uma década (2007-2017), consolidando assim a fratura da ala governista do país.

O esperado desligamento acirra a disputa de poder com seu ex-aliado e afilhado político, o presidente Lenín Moreno. "Poderão ficar com o nome, com as sedes, com o cacifo do AP, mas as convicções, o povo, a Revolução [Cidadã, como chama seu período de governo] e o futuro estão conosco", escreveu Correa em uma rede social.

A deputada Gabriela Rivadeneira, aliada de Correa e que também se desfiliou, disse que o ex-líder criará uma nova sigla. "Já tinha sido planejado que se o governo conseguisse se apoderar do Aliança País nós continuaríamos através da organização de um novo partido."

Sem elo partidário,o ex-presidente fomentará a campanha contra um referendo promovido por Moreno, que busca suprimir a reeleição indefinida. Se ganhar o "sim" na consulta, ele não poderia mais se candidatar à Presidência.

Ele e seus aliados já tinham perdido o controle do partido, mas na segunda (15) a Justiça reconheceu a diretoria de aliados de Moreno. Outros ex-integrantes do gabinete e deputados também se desfiliaram.

Após a divisão, a ala correísta passou a se chamar Movimento Revolução Cidadã. Correa e Moreno começaram a se distanciar em maio, quando o atual presidente tomou posse e começou a se distanciar de seu padrinho.

Nas eleições de 2017, o AP ganhou 74 dos 137 assentos da Assembleia Nacional, mas com a fratura do oficialismo a maioria da bancada passou a respaldar Moreno. O ex-presidente voltou da Bélgica, onde mora desde que deixou o cargo, para fazer campanha pelo "não" no referendo.