Descrição de chapéu Rússia Maurício Macri

Durante fórum, Davos se transforma em 'Disneylândia do capitalismo'

Crédito: Viktorov/Russia house
Casa alugada pelo governo russo para promover o país durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos

MARIA CRISTINA FRIAS
LUCIANA COELHO
ENVIADAS ESPECIAIS A DAVOS (SUÍÇA)

Quando terminou seu discurso na plenária do Fórum Econômico Mundial, Mauricio Macri, presidente da Argentina, perguntou se a plateia tinha provado as empanadas da casa que seu governo montou na principal avenida de Davos para promover o país.

A Casa da Argentina não foi a única que brotou nesta semana na Promenade de Davos, onde bancos, empresas e países, todos os anos, buscam cativar investidores com coquetéis, palestras e comida de graça. Os quatro dias de evento com um público que inclui altos executivos e funcionários de governos são uma vitrine imperdível.

Índia, Arábia Saudita, Indonésia, Ucrânia e Rússia -estas duas últimas, uma de frente para outra, como uma provocação- também criaram seus próprios postos avançados do lado de fora do centro de convenções, assim como as gigantes tecnológicas Google e Facebook, os bancos Credit Suisse e UBS e a seguradora Zurich, entre outros.

Convites são disparados diariamente para os participantes do fórum visitarem os locais ou as festas após um dia frenético de reuniões.

Para quem nunca visitou o local, a primeira impressão é a de uma Disneylândia do capitalismo (com o perdão da redundância, já que esta é para adultos), com as casinhas ao estilo suíço entremeadas com vitrines temáticas, o manto de neve branca sobre a rua e as luzes de Natal ainda pendendo de fios instalados, com as montanhas no fundo.

Nos dias de fórum, afinal, Davos se converte em cidade cenográfica, na qual os donos de negócios locais alugam seus imóveis a preços inflacionados e hotéis competem pelos melhores eventos.

O figurino cinza e preto dos executivos contrasta com a atmosfera onírica no meio dos Alpes e com a decoração temática, da languidez dos lounges das empresas de finanças e tecnologia à opulência dos espaços dedicados a promover países.

SUCESSO INCERTO

O sucesso dessas empreitadas, porém, é uma incógnita: os participantes que realmente tomam decisões de investimento têm pouco tempo fora do centro de convenções.

Por isso, alguns países promovem eventos também lá dentro, restritos ou abertos. Nessa ofensiva de "soft power", a Arábia Saudita montou um pequeno banquete ao som de música típica tocada ao vivo, e a Índia ofereceu um grande jantar.

O Brasil, cuja voz no cenário internacional perde força desde o governo de Dilma Rousseff, não buscou lugar na Promenade. O país promoveu apenas um jantar para poucos convidados, presenteados com cachaça e café.
Para o governo brasileiro, a eficácia de se preparar um imóvel em um dos espaços mais caros do mundo é discutível, e o tempo exigido de preparação, incompatível com a agenda mutante do presidente Michel Temer.

A cidade é muito pequena (10 mil habitantes), a população durante o fórum triplica, e tudo tem que ser planejado e reservado com muitos meses de antecedência.

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.