Irã reforça repressão a protestos em escolas e universidades contra morte de Mahsa Amini

Atrizes francesas premiadas cortam o cabelo em solidariedade às mulheres iranianas

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Dubai | Reuters e AFP

As forças de segurança do Irã foram mobilizadas para agir em universidades em várias cidades do país nesta quarta-feira (5), intensificando os esforços do regime para reprimir mais de duas semanas de protestos desencadeados pela morte de Mahsa Amini, jovem de origem curda presa acusada por não usar o véu islâmico em Teerã.

Soldados foram convocados para dissuadir atos em Urmia, Tabriz, Rasht e na capital, principalmente em torno de instituições de ensino superior. Os locais têm sido os principais focos de protestos nos últimos dias, de acordo com o relato de testemunhas a agências de notícias.

Iraniana que vive na Turquia com a palavra "liberdade" escrita na testa participa de protesto contra governo do Irã, em Istambul - Murad Sezer -4.out.22/Reuters

Em meio a uma das manifestações, um estudante da capital afirmou que estava com medo de sair do campus da Universidade de Teerã, sob a alegação de que havia muitas viaturas da polícia do lado de fora, esperando para prender alunos.

Grupos de direitos humanos contabilizam milhares de presos, ao menos 150 mortos e centenas de feridos na repressão aos atos nas últimas semanas. As forças de segurança do país contam com o apoio da Basij, uma milícia voluntária afiliada à Guarda Revolucionária do Irã.

Nesta quarta, vídeos compartilhados nas redes sociais mostram alunas do ensino médio em Teerã retirando seus lenços de cabeça e cantando "morte a [Ali] Khamenei", o líder supremo do Irã. O ato de retirar o véu é visto como uma homenagem à jovem morta —Amini, 22, foi presa pela polícia moral do Irã acusada de não usar o lenço na cabeça corretamente, uma obrigação das muçulmanas do país.

Em outro vídeo popular nas redes sociais, que teria sido feito em uma escola em Shiraz nesta terça (4), cerca de 50 alunas cercam um membro da milícia Basij que havia sido convidado a fazer um discurso no local gritando "Basij, saia daqui" e "morte a Khamenei". A autenticidade do vídeo não pôde ser confirmada de forma independente por veículos de imprensa.

Diferentes camadas da sociedade iraniana aderiram aos protestos contra a morte de Amini. As manifestações se transformaram no maior desafio para os clérigos do Irã em anos, com ativistas pedindo a queda do regime estabelecido em 1979, após a revolução.

Os protestos ganharam repercussão internacional e têm recebido ondas de solidariedade. Nesta quarta, as atrizes francesas Marion Cotillard, Juliette Binoche e Isabelle Huppert divulgaram vídeos nos quais aparecem cortando mechas de cabelo. "Pela liberdade", diz Binoche, ao mostrar os fios para a câmera, com uma tesoura na mão. As imagens ganharam a hashtag HairForFreedom (cabelos pela liberdade).

A morte de uma menina de 17 anos, ocorrida em meio aos atos, se tornou outro ponto focal da raiva dos manifestantes, com ativistas no Twitter dizendo que Nika Shakarami perdeu a vida em Teerã enquanto protestava pela morte de Amini.

A mídia estatal afirmou nesta quarta que o governo abriu um processo judicial sobre a morte de Shakarami. A reportagem cita autoridades alegando que o óbito não tinha relação com as manifestações —segundo essa versão, ela teria caído de um telhado, e seu corpo não contém ferimentos de bala.

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