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Amorim diz que Brasil vai cumprir eventuais sanções da ONU contra o Irã
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NOELI MENEZES
DE BRASÍLIA
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, criticou nesta terça-feira as potências nucleares, que, segundo ele, não tiveram sucesso em tentar um acordo com o Irã porque "falam do alto de sua arrogância".
O chanceler afirmou, no entanto, que o Brasil vai cumprir eventuais sanções impostas pela ONU ao Irã por conta de seu programa nuclear.
Em audiência pública no Senado, Amorim afirmou que diminui a credibilidade do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) o fato de cinco potências nucleares serem também os cinco membros permanentes do conselho com direito a veto.
Os cinco membros permanentes do CS são EUA, França, Reino Unido, Rússia e China.
"A gente não pode exagerar muito nisso porque senão fica sem nada. Mas esses países negociam entre si. Nós não sabemos nem o que se passa nessa negociação. Se há favores que estão sendo trocados. Se há outros aspectos alheios à questão nuclear que estão envolvidos."
De acordo com o chanceler, os EUA estão tentando desqualificar o acordo Brasil-Turquia-Irã dizendo que o documento não cumpre pontos que nunca estiveram em negociação.
Para o chanceler, o acordo segue o molde proposto pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). Prevê, tal como especificava Barack Obama na carta ao presidente Lula, que o Irã transfira 1.200 quilos de LEU (iniciais em inglês para urânio levemente enriquecido) para outro país.
Sobre o argumento dos EUA de que a proposta de transferência de 1.200 quilos era para outubro e que, desde então, o Irã já enriqueceu mais urânio, Amorim disse que ainda assim Teerã não terá combustível suficiente para fabricar a bomba atômica se o acordo for cumprido.
"Pelos dados da AIEA, o Irã tem hoje 2.427 quilos de LEU. Se transferir 1.200 quilos para outro país, ficará com menos do que precisaria para começar a pensar em fabricar a bomba. Esse urânio está sob vigilância da agência. O Irã não pode dispor dele como quiser."
Em defesa do diálogo com o governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad, o ministro citou entrevista do ex-diretor da AIEA Mohamed El Baradei, nobel da Paz em 2005, ao "Jornal do Brasil".
O diplomata egípcio elogia o acordo mediado por Brasil e Turquia e afirma que "a ideia de que o Irã é uma ameaça nuclear no presente ou que conseguirá armas nucleares no próximo mês ou em dois meses é totalmente exagerada".
Sanções
O chanceler afirmou, no entanto, que o Brasil vai cumprir eventuais sanções impostas pela ONU ao Irã por conta de seu programa nuclear.
"O Irã é um grande país e com o qual queremos ter relações comerciais. É natural que, dentro dos interesses de manter um relacionamento com eles, o Brasil queira buscar uma solução para o impasse. O Brasil não seria beneficiado pelas sanções, já que vai respeitá-las", disse.
Amorim afirmou que o governo brasileiro sempre ressaltou aos iranianos que, "se houver sanções, vai cumpri-las".
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