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24/06/2010 - 16h30

EUA estão decididos a completar missão no Afeganistão, diz Gates

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Os Estados Unidos estão "decididos" a completar sua missão no Afeganistão, apesar da renúncia do general Stanley McChrystal, que será substituído pelo também general David Petraeus no cargo de chefe das tropas americanas no país, afirmou nesta quinta-feira o secretário de Defesa Robert Gates.

Em entrevista coletiva no Pentágono junto ao chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA, almirante Mike Mullen, Gates disse que a decisão do presidente americano, Barack Obama, de aceitar a renúncia de McChrystal foi "correta".

O general renunciou depois da publicação de uma entrevista na revista "Rolling Stone" na qual criticava vários altos cargos do governo, incluindo o próprio presidente Obama.

Segundo Gates, depois das críticas, McChrystal tornou sua posição "insustentável". Sua substituição por Petraeus não trará "tipo algum de relaxamento em nosso compromisso" na guerra do Afeganistão, disse o secretário de Defesa. Segundo ele, os EUA estão "decididos" a seguir adiante com sua missão e vencer a guerra.

Por sua parte, Mullen prestou homenagem à figura de McChrystal, que, segundo ele, "serviu de maneira nobre e com distinção", mas também disse que ele deve pedir desculpas por seus comentários.

Como Gates, Mullen, que voltará nesta quinta para a Ásia, insistiu em que o substituto no comando "não mudará em nada a estratégia, a missão ou os recursos no Afeganistão".

O presidente Obama disse nesta quinta-feira -- durante coletiva pela visita do presidente russo, Dmitri Medvedev -- que os EUA não perderão "o ritmo" no esforço de guerra no Afeganistão, apesar da mudança de comandante.

Ele afirmou que Petraeus "entende a estratégia [no Afeganistão] porque ele ajudou a moldá-la".

Aviso

O oficial militar chefe dos EUA, Mike Mullen, disse na quinta-feira que apoia totalmente a decisão de substituir o comandante das forças norte-americanas no Afeganistão e avisou que os próximos meses serão altamente desafiadores, em alusão à ofensiva de Candahar, anunciada como uma das maiores desde o início dos conflitos na região.

"Este é um mundo muito, muito duro", disse Mullen a uma plateia em Washington, indagado sobre o combate próximo para dominar a cidade de Candahar, no sul do Afeganistão. "Trata-se de um desafio extraordinariamente complexo."

McChrystal havia anunciado no dia 10 que a prevista grande ofensiva na província de Candahar acontecerá com dois ou três meses de atraso a fim de preparar a chegada e o desdobramento no local de uma unidade do Exército afegão que ocupará o terreno após a expulsão dos talebans.

Mês mais letal

Junho está sendo o mês com mais mortes para a Otan desde o início da guerra do Afeganistão, em 2002. Um levantamento feito pela agência de notícias Associated Press, baseado na divulgação do número de mortos feito pela aliança militar, mostrou que 76 soldados foram mortos este mês, na maioria americanos (46).

Até então, o mês mais fatal para a Otan tinha sido julho de 2009, quando 75 soldados morreram.

No Reino Unido, a morte do 300º soldado neste mês reativou o debate entre a população britânica, descontente com a participação do país nas operações. O premiê David Cameron defendeu o "sacrifício" como medida para garantir a segurança nacional.

Para o contingente americano, a pior data foi registrada em outubro de 2009, com a morte de 59 militares.

Taleban

Em resposta ao anúncio da troca de comando no Afeganistão, os talebans indicaram que prosseguirão lutando até todas as tropas internacionais deixem o país, independente de quem estiver no comando militar das potências ocidentais atualmente em operação de guerra na região.

"Para nós independe saber quem está no comando, McChrystal ou Petraeus. Nossa postura é clara. Lutaremos contra os invasores até que eles vão embora", declarou Yusuf Ahmadi, porta-voz dos talebans.

O governo do presidente afegão Hamid Karzai havia pedido publicamente aos Estados Unidos que McChrystal não fosse afastado.

"É vergonhoso. Karzai, o presidente fantoche, pediu ao presidente Obama que mantivesse McChrystal no cargo", comentou Ahmadi.

Estratégia

Ainda na quarta-feira a Otan anunciou que vai manter sua estratégia no Afeganistão apesar da troca de comando militar decidida pela Casa Branca.

"A estratégia continua a ter o apoio da Otan, e as nossas forças vão continuar a realizá-la," disse o secretário-geral da aliança, Anders Fogh Rasmussen, em nota. McChrystal foi o mentor da estratégia, adotada nos últimos meses, de reforçar o contingente militar para tentar conter os avanços do Taleban.

Ao nomear o general David Petraeus para substituir McChrystal, o presidente Barack Obama também disse que a estratégia da guerra não irá mudar.

O general britânico Nick Parker, atual vice-comandante das forças da Otan no Afeganistão, vai assumir temporariamente o controle das tropas enquanto o Congresso americano não aprova a indicação de Petraeus como novo comandante, informou o governo do Reino Unido.

Já o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, disse achar que a mudança não ajudará a resolver o conflito na região, segundo seu porta-voz Waheed Oma. "O presidente considera que estamos numa situação delicada com nossos sócios, em nossa guerra contra o terrorismo, no processo de trazer a paz e a estabilidade ao Afeganistão, e que qualquer brecha nesse processo não ajudará", afirmou Oma.

Nação

Após aceitar a renúncia do general Stanley McChrystal do cargo de comandante das tropas Estados Unidos no Afeganistão e substitui-lo por David Petraeus, chefe do Comando Central dos EUA, o presidente americano, Barack Obama, disse em discurso oficial da Casa Branca que não irá tolerar divisões dentro do Exército americano.

Obama sinalizou que medida foi necessária para manter a estratégia americana no país. "Agora é hora de todos se unirem. Não posso tolerar divisões (...), precisamos nos lembrar do que se trata [o conflito], nossa nação está em guerra. Vamos quebrar o poder do Taleban e incentivar o Afeganistão e o Paquistão a fazer o mesmo", acrescentou.

A última vez que Washington enfrentou um contratempo tão significativo entre um presidente e um comandante durante uma operação de guerra ocorreu quando Harry Truman demitiu o general Douglas MacArthur há mais de 50 anos, em decorrência de críticas na estratégia da guerra da Coreia.

 

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