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04/07/2010 - 14h11

Chávez faz de comida típica nova plataforma socialista

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FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

Oscar Pérez anda a passos largos rumo à saída do metrô Parque Central, no centro de Caracas. Ele quer chegar o mais rápido possível à "Arepera Socialista".

Trata-se do primeiro dos 33 restaurantes que o governo Hugo Chávez pretende construir neste ano para transformar a arepa, a mais popular comida venezuelana, numa arma para arrebatar corações, mentes e estômagos para o socialismo.

Pérez, 49, diz que vale a pena pagar duas passagens do metrô para comer as arepas, massa de milho com diferentes tipos de recheio, a "preços solidários", metade dos da concorrência, e correr de volta para o trabalho como vendedor.

Até aí, nada diferente dos restaurantes de R$ 1 de Anthony Garotinho no Rio.

Mas, para Chávez, a "Arepera Socialista" é a prova de que os comerciantes e empresários "capitalistas" especulam e contribuem para a inflação no país, a mais alta do continente.

Quase diariamente, Chávez dá aulas na TV sobre socialismo e promete vender de comida a geladeiras (vindas da China) "socialistas".

Em abril, a Assembleia Nacional aprovou verba de US$ 23 milhões para construir "areperas" pelo país, mas, pouco depois, o governo se viu atingido pelo escândalo da comida vencida -o achado de toneladas de alimentos importados por uma estatal fora do prazo de validade.

Se a gestão do Estado está em xeque no escândalo, a "Arepera Socialista" é, para o visitante, um modelo de organização e limpeza.

A unidade de estreia fica numa galeria comercial e tem longa fila na hora do almoço. Com cozinha à mostra, o local exibe nas paredes frases socialistas.
Perto do vendedor Pérez, um casal diz que, se os empresários não jogassem sujo, a economia, que caiu 5,8% no primeiro trimestre, estaria melhor.

Em outra mesa, um músico, que não quis dizer seu nome, elogiava as arepas, mas se dizia sem esperança quanto ao país. "Há um ano, Chávez disse que a economia estava blindada, e agora temos mais uma desvalorização e mais inflação."

E, apesar do discurso do presidente, nem a "arepa socialista" escapou da alta de preços. Dos 5 bolívares fortes que valia em dezembro, ela custa agora 7,5 bolívares fortes, alta de 50%.

 

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