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EUA investigam lobby da BP na libertação do acusado por ataque em Lockerbie
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DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
O Comitê de Relações Exteriores do Congresso dos Estados Unidos investiga se a gigante do petróleo British Petroleum (BP) fez lobby com o governo escocês pela libertação do líbio Abdel Basset Al Megrahi, condenado e preso pelo atentado de Lockerbie, para facilitar um acordo de US$ 900 milhões para exploração de petróleo com a Líbia.
O governo escocês e a BP negam qualquer acordo.
Megrahi foi o único condenado pelo ataque a bomba contra o voo 103 da Pan Am sobre Lockerbie, que deixou 270 mortos em 1988, a maioria americanos. Ele foi sentenciado à prisão perpétua por uma corte especial escocesa, em 2001.
Abdel Magid Al Fergany-09set.09/AP |
Abdel Basset Al Megrahi aparece em cadeira de rodas e com máscara cirúrgica para visita de parlamentares africanos na Líbia |
A polêmica libertação de Megrahi foi decretada em agosto passado pelo governo escocês por motivos humanitários, já que ele teria um câncer de próstata em fase terminal --e no máximo três meses de vida. O ex-agente dos serviços secretos foi recebido como herói na Líbia. Em julho de 2010, professor Karol Sikora examinou Megrahi para o governo líbio e disse ao jornal "Sunday Times" que o líbio poderia viver mais dez anos.
Pouco após sua libertação, a BP reconheceu em comunicado que pediu ao governo britânico que acelerasse a transferência de um prisioneiro da Líbia em 2007, lembrando que a demora poderia trazer consequências negativas aos interesses comerciais britânicos.
Agora, a BP ressalta que não falou especificamente no caso de Megrahi e que a ratificação do acordo de exploração com a BP era apenas um dos muitos interesses comerciais envolvidos no processo.
"Nós não estávamos falando do caso Megrahi porque nós sabemos que este foi um assunto exclusivamente do governo escocês e não das autoridades britânicas", disse a BP.
O Senado americano, contudo, diz haver evidências circunstanciais do lobby da BP e recomendou ao Departamento de Estado que investigue a ação da companhia nesta libertação.
"A evidência pode ser circunstancial, mas se eu fosse promotor, eu adoraria levar este caso à júri", disse o senador Charles Schumer.
O comitê deve fazer uma audiência do caso neste mês, para o qual vai convocar funcionários da petroleira.
A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, já alertou a Chancelaria britânica sobre a investigação e disse que eles podem querer se comunicar com o Congresso americano para esclarecimentos.
O governo britânico, contudo, sempre defendeu que a libertação de Megrahi era uma decisão exclusivamente escocesa, na qual não poderia interferir. A Escócia tem poderes legais dentro do sistema britânico.
O embaixador britânico em Washington escreveu uma carta ao comitê, na qual afirma que Londres não concordou com a decisão de libertar o terrorista, "mas precisamos respeitar a independência do processo".
O governo escocês reiterou que apenas transferiu Megrahi a Tripoli por razões humanitárias e que não manteve, em nenhum momento, representações com a empresa de petróleo.
"Megrahi foi enviado para casa para morrer, de acordo com o processo realizado dentro da lei da Escócia, baseado em relatório médico do Serviço de Prisão da Escócia", disse um porta-voz do governo escocês.
O premiê britânico, David Cameron, deve se encontrar com o presidente americano, Barack Obama, na próxima terça-feira (20), na Casa Branca, onde os dois devem discutir o caso BP e os danos causados pelo vazamento de um poço explorado pela firma no golfo do México. Um porta-voz de Cameron disse não saber se o tema Megrahi será abordado na reunião.
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