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Polêmicas com a BP pautam viagem do premiê britânico aos EUA
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O premiê do Reino Unido, David Cameron, viaja na noite desta segunda-feira aos Estados Unidos para uma reunião com o presidente americano, Barack Obama, em meio a divergências envolvendo a companhia petrolífera britânica BP.
Apesar de ainda não haver confirmação sobre os temas na agenda de Cameron, não há dúvidas de que a tragédia do vazamento de um poço de petróleo da BP no golfo do México, o maior desastre ambiental da história americana vai estar em pauta.
Neste domingo, o governo dos EUA solicitou com urgência à BP um plano alternativo para seu poço danificado, apontando "anomalias" que poderiam indicar a continuação de um vazamento no leito marítimo próximo a estrutura --apesar das declarações da empresa de que o tampão instalado quinta-feira passada (15) está funcionando perfeitamente.
A BP está ainda no centro de uma polêmica sobre a libertação do terrorista líbio condenado à prisão perpétua pelo atentado de Lockerbie de 1988, quando um voo da companhia aérea Pan Am explodiu no trajeto entre Londres e Nova York, matando 270, a maioria americanos.
O Comitê de Relações Exteriores do Congresso dos EUA investiga se a BP fez lobby com o governo escocês pela libertação de Abdel Basset Al Megrahi, para facilitar um acordo de US$ 900 milhões para exploração de petróleo com a Líbia.
Em maio de 2007, o então premiê britânico Tony Blair elogiou o acordo de exploração de petróleo entre a BP e a Libya Investment Corp. como um marco da relação entre os dois países e chegou a abraçar Gaddafi, após duas horas de reunião em uma tenda.
No mesmo mês, Reino Unido e Líbia assinaram um memorando de entendimento para negociar acordos de extradição, assistência legal mútua, aproximação civil e comercial e transferência de presos. Pouco mais de um ano depois, em 17 de novembro de 2008, os dois países assinaram o acordo para a transferência de presos --ratificada pelo Parlamento no ano passado.
A polêmica libertação de Megrahi foi decretada em agosto passado pelo governo escocês por motivos humanitários, já que ele teria um câncer de próstata em fase terminal --e no máximo três meses de vida. O ex-agente dos serviços secretos foi recebido como herói na Líbia. Em julho de 2010, professor Karol Sikora examinou Megrahi para o governo líbio e disse ao jornal "Sunday Times" que o líbio poderia viver mais dez anos.
Pouco após sua libertação, a BP reconheceu em comunicado que pediu ao governo britânico que acelerasse a transferência de um prisioneiro da Líbia em 2007, lembrando que a demora poderia trazer consequências negativas aos interesses comerciais britânicos.
Agora, a BP ressalta que não falou especificamente no caso de Megrahi e que a ratificação do acordo de exploração com a BP era apenas um dos muitos interesses comerciais envolvidos no processo.
O Senado americano convocou para depor na próxima semana executivos da BP e funcionários do Governo britânico sobre a influência que pode ter exercido a companhia petrolífera na libertação do terrorista líbio, que foi recebido em seu país como um herói.
Segundo a imprensa britânica, o premiê responsabilizará o governo autônomo da Escócia pela libertação do terrorista e reiterará seu desacordo com essa decisão.
Cameron defenderá ainda a reputação da BP e do governo britânico tanto em suas conversas na Casa Branca como nas quais terá também amanhã à tarde com membros do Congresso, após sua reunião a Obama no Salão Oval.
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