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05/08/2010 - 15h59

Otan admite morte de 12 civis em ataque aéreo no Afeganistão

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DE SÃO PAULO

A Otan (Aliança do Tratado do Atlântico Norte) admitiu ter matado 12 civis durante um ataque aéreo realizado no Afeganistão na manhã desta quinta-feira e prometeu indenizar as famílias das vítimas.

As mortes ocorreram em dois diferentes ataques. Oito dos 12 civis pertenciam à mesma família, moradora da Província de Nangarhar, revelaram fontes do governo local.

A família foi morta quando um helicóptero das forças ocidentais abriu fogo contra o veículo em que a família levava o corpo de uma vítima das recentes enchentes que atingira o Afeganistão até uma pequena vila no interior da Província.

Apesar de ter negado os resultados da operação num primeiro momento, afirmando que apenas insurgentes tinham morrido nos ataques, a aliança militar recuou e emitiu um comunicado dizendo que "aparentemente entre quatro e 12 ou mais civis foram mortos" durante as investidas aéreas contra Nangarhar.

"As forças da coalizão lamentam profundamente que nossa operação parece ter resultado na perda de vidas civis e nós expressamos nossas mais sinceras condolências às famílias", disse o almirante Greg Smith, diretor de comunicação das tropas lideradas pela Otan.

Em resposta ao pedido do presidente afegão, Hamid Karzai, que mais cedo já demandara uma investigação sobre as mortes, a Otan afirmou que haverá uma parceria "com o governo do Afeganistão para conduzir um rígido inquérito" e indenizar as famílias dos civis mortos durante a ofensiva.

NOVO COMANDANTE

As notícias da morte de ao menos 12 civis após um ataque aéreo da Otan chegam um dia depois de o recém-empossado novo comandante das tropas ocidentais na guerra, o general David Petraeus, ter anunciado uma diretiva proibindo ataques próximos a regiões onde haja muitos civis.

Sob duras críticas pela morte de civis, Petraeus reforçou a orientação do antecessor, Stanley McChrystal.

Dusan Vranic/AP
Para o novo chefe da guerra no Afeganistão, tropas devem evitar morte de civis no país
Para o novo chefe da guerra no Afeganistão, tropas devem evitar morte de civis no país

A morte de civis é um dos temas mais delicados da ação das forças da Otan na luta contra o Taleban no país. Em relatório entregue no ano passado ao governo americano, McChrystal afirmou que, ao causar a morte de civis e danos colaterais "desnecessários", a coalizão pode perder a batalha contra o Taleban.

Petraeus já declarara sua intenção de reduzir as vítimas civis "ao mínimo absoluto" e que manteria a estratégia de redução do uso de bombardeios aéreos.

Segundo nota divulgada hoje, o general Petraeus enviou a suas tropas no último domingo uma atualização dos planos táticos, a primeira que faz desde que assumiu em julho o comando das tropas estrangeiras no Afeganistão.

"Antes do uso da ordem de fogo, o comando que aprova a ação deve assegurar que não haja civis presentes" ou, em caso contrário, o fogo está proibido, determina Petraeus no documento.

O documento, intitulado "Uso Disciplinado da Força", traz duas exceções. A organização se limitou a dizer que elas têm a ver com "o risco para as tropas afegãs e da Otan".

"Devemos equilibrar nossa perseguição ao inimigo com nossos esforços para minimizar as perdas de vidas civis inocentes", diz o general, no documento.

CIVIS MORTOS

Ao menos 1.074 civis morreram apenas no primeiro semestre deste ano no conflito no Afeganistão, uma alta de 1,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, conforme dados divulgados pela ONG Afghanistan Rights Monitor (ARM), que culpa os insurgentes por 61% das mortes.

Outros 1.500 civis ficaram feridos neste mesmo período, segundo o relatório semestral da ONG sobre as vítimas da guerra.

Segundo a ARM, 210 civis foram mortos em ações das tropas da Otan, no que a ONG considerou uma "redução considerável" de 26% para 20% do total, em relação ao mesmo período de 2009. A ONG atribuiu a queda às restrições impostas aos bombardeios aéreos.

Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), o ano de 2009 foi até agora o mais sangrento para a população civil do Afeganistão desde a queda do regime taleban, com 2.412 mortos, devido ao aumento da atividade insurgente e a expansão do conflito nas novas zonas.

COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

 

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