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ONG da Indonésia transforma atentados de Bali em história em quadrinhos
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JUAN PALOP
DA EFE, EM JACARTA (INDONÉSIA)
A Indonésia quer transformar a vida do único terrorista suicida sobrevivente dos atentados de Bali, em 2002, em uma polêmica história em quadrinhos. A obra serviria para afastar os jovens do mundo do terrorismo.
Ali Imron cumpre prisão perpétua e diz ter se arrependido dos ataques, que mataram 202 pessoas.
"Ketika Nurani Bicara" ("Quando Fala a Consciência") será lançado em setembro em Jacarta, coincidindo com o Idul Fitri, a festa que fecha o Ramadã, o mês santo de jejum para os muçulmanos.
"Não buscamos os lucros, mas divulgar nossa mensagem o máximo possível", afirmou Dhyah Madya Ruth, presidente da Lazuardi Birru, a ONG por trás da iniciativa.
"Todos e cada um de nós precisamos aprender com a história. Os jovens gostam de história em quadrinhos. Um romance gráfico é um meio para que nossa mensagem chegue a eles muito mais facilmente", disse Ruth ao jornal "The Jakarta Globe".
Os quadrinhos contam a tragédia dos atentados de Bali, os mais violentos perpetrados pelo islamismo radical no mundo todo desde o 11 de Setembro, pelo olhos de Imron.
A história começa com os preparativos para o massacre e descreve a progressiva imersão de Imron no radicalismo fundamentalista da Jemaah Islamiya, o braço regional da Al Qaeda no Sudeste Asiático.
Depois detalha o massacre e termina com a detenção, julgamento e sentença de Imron e seus companheiros terroristas, três deles condenados à morte.
Durante a história em quadrinhos, o protagonista repete uma frase que disse durante seu julgamento: "Desde o momento em que me instruíram para levar as bombas ao consulado dos Estados Unidos, ao café Paddy e ao Sari Club, tive dúvidas em meu coração. Isto é realmente a guerra santa?".
Segundo Ruth, Imron aparece nos quadrinhos como um homem que lamenta amargamente suas ações.
A história em quadrinhos mostra ainda os devastadores efeitos do atentado nas vidas de pessoas normais, como Agus Bambang, um muçulmano de Bali que ajudou a resgatar as vítimas, e Hayati Eka Laksmi, uma indonésia muçulmana que perdeu seu marido na tragédia e foi obrigada a criar seus filhos sozinha.
"Escolhemos os atentados de Bali, porque sabemos que esta história tem muitas facetas diferentes a serem relatadas", explicou Ruth.
A história em quadrinhos, dirigida a jovens de entre 14 e 20 anos, precisou de quase um ano de investigação, entre entrevistas com vítimas e especialistas em terrorismo e a leitura de relatórios sobre o atentado.
A editora decidiu publicar apenas 10 mil exemplares na primeira edição, dos quais 8.000 serão distribuídos gratuitamente em colégios e bibliotecas públicas, enquanto o restante será vendido em livrarias por US$ 4. Além disso, a ONG publicará em seu site uma versão para e-book da história em quadrinhos.
A Indonésia sofreu cinco grandes atentados de origem islâmica desde 2002, o último, que aconteceu em 17 de julho de 2009, em dois hotéis de luxo em Jacarta, que matou nove pessoas.
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