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Justiça iraniana adia em uma semana decisão sobre Sakineh
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RODRIGO RÖTZSCH
EDITOR DE MUNDO
A Justiça iraniana adiou em mais uma semana a decisão sobre o destino de Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada em 2006 à pena de morte por apedrejamento.
Neste sábado, o novo advogado de Sakineh, Houtan Kian, participou de uma audiência em Tabriz, cidade onde a iraniana está presa, na qual era esperado que a Justiça decidisse se a sentença seria mantida ou não e, caso sim, se a execução ocorreria por apedrejamento ou enforcamento.
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AP |
A iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani foi condenada a morte por apedrejamento por adultério e pelo assassinato do marido |
Na audiência, porém, a Justiça pediu a Kian que fornecesse mais informações sobre o caso e deu mais uma semana de prazo --uma nova audiência deve ocorrer no sábado que vem.
"É uma tática do governo iraniano, que quer ganhar mais tempo para que o assunto seja esquecido pela mídia para então executar Sakineh. Temos que continuar com a pressão internacional para evitar que isso aconteça", disse à Folha Mina Ahadi, chefe do Comitê Internacional contra o Apedrejamento, ONG que coordena a campanha a favor de Sakineh.
"Neste momento a situação não é nada clara. Não disseram ao advogado se vão executar Sakineh ou se vão libertá-la."
Nesta semana, o embaixador do Brasil em Teerã, Antônio Salgado, apresentou ao governo iraniano o "apelo" para que Sakineh não seja executada. O governo ofereceu asilo no Brasil a iraniana.
SAKINEH
Mãe de dois filhos, Sakineh Mohammadi Ashtiani foi condenada em maio de 2006 a receber 99 chibatadas por ter um "relacionamento ilícito" com um homem acusado de assassinar o marido dela. Sua defesa diz que Sakineh era agredida pelo marido e não vivia como uma mulher casada havia dois anos, quando houve o homicídio.
Mesmo assim, Sakineh foi, paralelamente à primeira ação, julgada e condenada por adultério. Ela chegou a recorrer da sentença, mas um conselho de juízes a ratificou, ainda que em votação apertada --3 votos a 2.
Diplomatas iranianos afirmam que foi encerrado o processo de adultério e que a mulher é acusada "apenas" pelo assassinato do marido.
Os juízes favoráveis à condenação de Sakineh à morte por apedrejamento votaram com base em uma polêmica figura do sistema jurídico do Irã chamada de "conhecimento do juiz", que dispensa a avaliação de provas e testemunhas.
Assassinato, estupro, adultério, assalto à mão armada, apostasia e tráfico de drogas são crimes passíveis de pena de morte pela lei sharia do Irã, em vigor desde a revolução islâmica de 1979.
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