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Irã adverte que caso Sakineh é "alvoroço" para prejudicar relação com Brasil
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DA FRANCE PRESSE, EM TEERÃ (IRÃ)
DE SÃO PAULO
O porta-voz da Chancelaria iraniana, Ramin Mehmanparast, voltou a afirmar nesta terça-feira que o Brasil não sabe todos os detalhes do caso de Sakineh Mohamadi Ashtiani, condenada ao apedrejamento por adultério, e que deve perceber que o caso é um "mero alvoroço criado para abalar as relações" bilaterais.
O Irã rejeitou oficialmente nesta segunda-feira a oferta formal de asilo a Sakineh, feita pelo embaixador do Brasil no Irã, Antonio Salgado, no último dia 9.
AP |
A iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani foi condenada a morte por apedrejamento por adultério e pelo assassinato do marido |
O assunto, contudo, ainda rende troca de declarações e pode acabar em mal-estar diplomático. O ministro brasileiro dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, disse que o governo brasileiro continua pressionando diplomaticamente o "ditador" do Irã para que enviar ao Brasil a iraniana Sakineh.
Já o governo do Irã questionou as "consequências" da oferta brasileira de asilar uma iraniana condenada à morte por apedrejamento, e perguntou se o "Brasil precisará ter um local para criminosos de outros países", em uma nota emitida por sua embaixada em Brasília.
Mehmanparast alertou a todos os países ocidentais que não devem interferir no caso de Sakineh. "Os países independentes não permitem a outros países que interfiram em seus assuntos judiciais. [...] Os países ocidentais não devem pressionar nem dar tanta atenção ao assunto", disse o porta-voz, acrescentando que o pronunciamento destas nações contra a condenação é "irracional e tem um enfoque político".
Vários países ocidentais e grupos de defesa dos direitos humanos iniciaram uma intensa campanha para evitar a execução de Sakineh. A pressão levou o ministro da Justiça, Sadeq Larijani, a suspender a pena de apedrejamento --que foi transformada em enforcamento no mês passado.
Na semana passada, o advogado da iraniana, Hutan Kian, afirmou ao jornal britânico "The Guardian" que sua cliente foi agredida violentamente e torturada para que aceitasse admitir a culpa em uma entrevista exibida pela televisão iraniana.
O advogado manifestou o temor de que o governo iraniano execute a cliente sob a condenação de participar do assassinato do marido.
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