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Chávez diz que Venezuela exige respeito diante de "pornografia" da imprensa
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, afirmou nesta quarta-feira que "o país exige respeito" diante do que qualificou de "pornografia" da imprensa privada local, depois de uma corte ter ordenado a proibição de publicar fotos de violência ou sangue.
Jornal publica foto em branco contra censura de imagens da violência na Venezuela
Foto motiva debate sobre violência na Venezuela
Durante um conselho de ministros, Chávez mostrou a primeira página do jornal estatal "Correo del Orinoco". O jornal publicou informações sobre protestos de médicos que trabalham no necrotério de Caracas, após publicação, em dois diários privados, de uma foto de cadáveres em uma de suas salas.
"O país pede respeito", expressou o líder, ao apoiar as queixas dos funcionários do Necrotério de Bello Monte, o único de Caracas. O local foi o centro das atenções públicas desde a sexta-feira passada, quando o jornal "El Nacional" publicou a foto.
A fotografia, que mostra corpos seminus ou totalmente nus, ensanguentados e amontoados nas mesas do necrotério, foi publicada na sexta-feira pelo "El Nacional" e na segunda-feira pelo "Tal Cual", ambos muito críticos ao governo.
Um tribunal de Caracas proibiu ontem os dois jornais de publicarem fotos de violência ou de eventos sangrentos e ordenou que todos os demais meios de comunicação do país parem de reproduzir imagens desse tipo.
A medida se estenderá durante um mês, tempo durante o qual o tribunal investigará uma denúncia contra o "El Nacional" e o "Tal Cual" apresentada pela Defensoria Pública, que alegou que a publicação da foto do necrotério afetava crianças e adolescentes.
PROTESTO
A organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) qualificou hoje a proibição de "ampla e imprecisa demais" e demonstrou inquietação diante da possibilidade de a norma levar à censura ou à autocensura.
David Fernández/Efe |
Jornal venezuelano "El Nacional", crítico do governo Chávez, traz foto em branco e a palavar censurado em protesto |
O jornal "El Nacional", crítico ao governo, publicou em sua capa da edição desta quarta-feira uma foto em branco com a palavra "censurado" em um protesto.
"Proíbem a publicação de imagens e notícias sobre a violência", exibe em sua manchete desta quarta-feira o "El Nacional", que colocou a palavra censurado onde deveria haver uma foto de "um pai chorando por um filho que não tem mais".
"Se aqui houvesse outra imagem, você veria dirigentes políticos exigindo que a CICPC (polícia científica) desse cifras que não se pode publicar", escreve o jornal, embaixo de outro espaço em branco.
Miguel Otero, o diretor do "El Nacional", o mais tradicional do país, diz que publicou a imagem de dezembro passado para fazer o governo reagir à situação de violência que faz colapsar os necrotérios.
A insegurança é a maior preocupação dos venezuelanos --segundo dados extraoficiais, houve 140 mortos por 100 mil habitantes em Caracas em 2009. Um estudo da polícia de 2008 aponta uma média de 10 mil mortes violentas por anos. A oposição trata o tema como prioritário na campanha para a eleição legislativa do mês que vem.
Com cautela, o Colégio Nacional de Jornalistas expressou em comunicado que a medida judicial que proíbe a publicação de fotos de violência pode "gerar autocensura" nos veículos afetados.
O Colégio criticou ainda que o governo utilize uma causa nobre, os direitos dos jovens e crianças, para silenciar a imprensa local.
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