Colômbia rejeita proposta das Farc de expor sua "visão" do conflito na Unasul

O ministro da Defesa colombiano, Rodrigo Rivera, rejeitou nesta segunda-feira a proposta das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) de expor sua "visão" do conflito interno na Unasul (União das Nações Sul-Americanas). Rivera alegou que "com os terroristas não se dialoga".

Em declarações a jornalistas, Rivera questionou o que poderia acontecer se alguma organização internacional abrisse as portas para Osama bin Laden "para falar do que ele coloca frente aos Estados Unidos". "Os amigos em nível internacional podem nos ajudar não gerando nenhum tipo de paralelismos", disse o ministro.

Membros das Farc manifestaram hoje o desejo de levar à Unasul a discussão sobre o conflito na Colômbia, de acordo com uma carta aberta da cúpula da entidade.

O ministro colombiano acrescentou que a única maneira de iniciar um diálogo é que a guerrilha demonstre disposição para a paz e, "de forma clara e indubitável, sua verdadeira vontade de frear o conflito armado".

INTERMEDIADOR

O chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, disse hoje que falará com sua colega colombiana, María Ángela Holguín, sobre o pedido das Farc.

Patiño disse à imprensa que a única coisa que o Equador pode fazer como presidente temporário da Unasul "é conversar com o governo desse país [Colômbia] para ver primeiro o que lhe parece o comunicado" das Farc.

Segundo o ministro, "se o governo [colombiano] considerar que isto pode ser tratado em outro nível, estaremos atentos ao que queiram".

Patiño e Holguín se reunirão na quinta-feira na cidade colombiana de Ipiales, na fronteira entre os dois países, em um encontro para tratar do desenvolvimento da região e da situação dos refugiados, entre outros assuntos.

PEDIDO DAS FARC

As Farc divulgaram hoje uma carta aberta na qual "reiteram" à Unasul a "irredutível vontade de buscar uma saída política para o conflito" colombiano.

"Senhores presidentes: quando considerarem oportuno estamos dispostos a expor em uma assembleia da Unasul nossa visão sobre o conflito colombiano", afirma o texto, assinado "das montanhas da Colômbia".

Na carta, as Farc afirmam que "apesar do governo da Colômbia manter fechada a porta do diálogo com a insurgência (...), queremos reiterar à Unasul nossa vontade irredutível de buscar uma saída política ao conflito".

O novo governo colombiano, do presidente Juán Manuel Santos, já anunciou que não dialogará com o grupo insurgente enquanto as Farc não desistirem da violência e do terrorismo.