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Cristina Kirchner acusa jornais "Clarín" e "La Nación" de monopólio integrado
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DE SÃO PAULO
Atualizado às 20h52.
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, acusou os dois principais jornais argentinos de "conspirar ilegalmente com ditadores" para assumir o controle da principal fabricante de papel jornal do país há três décadas, inclusive usando força e cometendo crimes contra a humanidade.
Imprensa da Argentina critica ofensiva do governo contra o grupo de mídia Clarín
Clarín perde desconto para comprar papel na Argentina
Marcos Brindicci/Reuters |
A presidente argentina, Cristina Kirchner, acusa jornais "Clarín" e "La Nación" de criarem monopólio integrado |
Em pronunciamento em rede nacional de rádio e TV por mais de meia hora, Cristina acusou o Grupo "Clarín" e o "La Nación" de usar a Papel Prensa para impor o "monopólio de imprensa na Argentina", abafando outros pontos de vista ao se recusar a vender papel aos jornais concorrentes por preços justos.
Não ficou imediatamente claro que tipo de medida concreta a presidente planeja adotar em relação à empresa, que desde a ditadura de 1976-1983 tem três proprietários: o "Clarín", o "La Nación" e o governo argentino. A empresa Papel Prensa fornece papel jornal para mais de 130 clientes em todo o país.
Um estudo chamado "Papel Prensa, a verdade" e com cerca de 23 mil páginas foi elaborado pela equipe do secretário do Interior, Guillermo Moreno. Cristina disse que o documento será encaminhado para "as autoridades competentes" para tomarem uma medida.
O governo está claramente buscando maneiras de arrancar o controle da Papel Prensa dos dois grupos de oposição. Antes do discurso de Cristina, Daniel Reposo, alto representante do governo, disse que pediria ao sistema criminal de justiça para tomar uma ação "com o objetivo de ter uma companhia que produz papel para todos os setores, e não para apenas uns poucos".
MONOPÓLIO
Segundo a presidente, os dois jornais "usam esse trunfo" [controle da empresa fabricante de papel] para tirar jornais competidores do mercado.
A presidente mostrou uma manchete do jornal "Clarín" que dizia: "Quem controla a Papel Prensa controla a palavra escrita", e afirmou que concordava plenamente.
"A Papel Prensa é a única empresa que produz papel jornal nesse país", disse Cristina, acusando o grupo de compor um "monopólio verticalmente integrado".
"Ele determina para quem vende, quanto vende e por qual preço. E, sim, quem controla isso tem o controle da palavra escrita na República da Argentina", acrescentou.
FORÇA
Cristina disse que os jornais "Clarín" e "La Nación" obtiveram o controle da Papel Prensa em uma venda forçada em 1976, quando a junta militar estava fazendo de tudo pra destruir o proprietário da empresa, David Graiver, um banqueiro proeminente que apoiava secretamente as guerrilhas esquerdistas Montonero na época.
Graiver morreu em um acidente de avião suspeito, levando sua empresa à falência e deixando sua mulher, Lidia Papaleo, e pais para enfrentar os ditadores.
"E cinco dias após ela assinar [os papéis vendendo a empresa], ela foi preso. E durante sua prisão, ela foi estuprada, torturada, apanhou na cabeça. O mesmo sofreram seus parentes e outros membros da empresa", disse Cristina. "Eles foram forçados a vender --e sua prisão foi adiada para que os compradores pudessem alegar que conseguiram a empresa em boa fé."
Os donos do "La Nación" e do "Clarín" negaram participação em qualquer crime contra a humanidade, dizendo que Papaleo vendeu a empresa por vontade própria, querendo sair da falência antes de começar seu longo período de prisão, e que ela nunca alegou formalmente a venda forçada ou fraude, após a Argentina retornar à democracia.
"Nunca, em 27 anos de democracia, a Papel Prensa enfrentou questionamento administrativo ou judicial sobre sua origem", disseram em comunicado oficial nesta terça-feira.
Eles alegam que o governo está tentando controlar o material essencial para garantir a liberdade de expressão na Argentina.
COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
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