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26/08/2010 - 12h14

Governo mexicano é omisso frente a sequestros e chacinas de migrantes, diz jornal

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DE SÃO PAULO

A sistemática omissão do governo mexicano permitiu o fortalecimento de grupos como o Los Zetas, acusado da chacina que matou 72 pessoas, entre elas ao menos quatro brasileiros, diz o jornal "El Universal".

Em reportagem publicada em seu site nesta quinta-feira, o jornal cita fontes da Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e de organizações globais de direitos humanos como a Anistia Internacional defendendo que as autoridades mexicanas fazem muito pouco para conter atividades de grupos narcotraficantes e milícias criminosas.

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Mauricio Farah, fiscal da CNDH responsável pela elaboração de um relatório especial sobre casos de sequestro de migrantes, disse ao "El Universal" que autoridades municipais, estatais e federais são permissivas em relação à indústria de sequestros no México.

Ainda de acordo com o fiscal o Estado se recusa a impulsionar uma política migratória capaz de deter as extorsões em massa de imigrantes latino-americanos que cruzam o território mexicano.

Para as ONGs de direitos humanos do México Miguel Agustín Pro Juárez e Fray Matías de Córdova, os sequestros de latinoamericanos têm como objetivo a exploração para trabalhos forçados, atuação como matadores de aluguel e exploração sexual.

Membros destas organizações criticaram o governo federal dizendo que até o momento a Cidade do México se limitou a enviar um relatório preliminar à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), onde tenta negar a dimensão da tragédia.

PARTICIPAÇÃO DO GOVERNO

Para Alberto Herrera, diretor-executivo da Anistia Internacional no México, trata-se de uma "situação escandalosa" em que os imigrantes "enfrentam todo tipo de abusos, sequestros, ameaças, violência sexual e assassinatos".

Em críticas diretas ao governo, Herrera disse que em sua maioria, as ações são perpetradas por criminosos, mas "há ocasiões em que funcionários [governamentais] participam".

A Anistia Internacional denunciou que há pelo menos dois anos tem informações de que policiais e agentes federais do Instituto Nacional de Migração têm uma "colaboração clara" com os grupos de crime organizado que sequestram imigrantes no México.

Em junho do ano passado as ONGs Belén Posada del Migrante, Humanidade sem Fronteiras e Fronteira com Justícia apresentaram o "Sexto Informe sobre a Situação de Direitos Humanos das Pessoas Migrantes em Trânsito pelo México", onde denunciaram que "as pessoas migrantes são altamente vulneráveis a serem sequestradas nos municípios fronteiriços [com os EUA] de Novo Laredo, Reynosa e Matamoros. O sequestro é sistemático e generalizado, sem importar idade, sexo e nacionalidade".

BRASILEIROS

No Brasil a expectativa é de que a visita do vice-cônsul no México, João Zaidan, à San Fernando, cidade mexicana onde ao menos quatro brasileiros foram mortos em uma chacina, traga mais informações sobre a identidade dos imigrantes.

Zaidan viaja com uma delegação consular em uma aeronave disponibilizada pelo governo mexicano e que também levará diplomatas dos outros países de origem dos imigrantes mortos --El Salvador, Honduras e Equador-- para verificar a nacionalidade das vítimas e o andamento das investigações.

Editoria de Arte / Folhapress/Editoria de Arte / Folhapress

Com a chegada dos diplomatas, deve começar o trabalho de identificação dos corpos. O cônsul-geral do Brasil no México, Márcio Lage, disse em entrevista à Folha.com que não descarta que o número de brasileiros mortos aumente uma vez que todos os cadáveres sejam identificados.

Ontem, a Procuradoria do México informou que os corpos não serão mais transportados para Ciudad Victoria, capital do Estado de Tamaulipas, como tinha sido anunciado antes.

A decisão foi tomada para que os peritos do ministério público possam agilizar as investigações e, ao mesmo tempo, fazer as necropsias.

MASSACRE

Um sobrevivente identificado apenas como Freddy, e que está sob forte esquema de segurança, foi o único sobrevivente da chacina atribuído ao cartel do narcotráfico Los Zetas. Depois de se fingir de morto, ferido com um tiro na garganta, ele chegou a um posto da Marinha mexicana e contou às autoridades sobre o massacre e que havia imigrantes brasileiros e equatorianos entre os mortos.

Freddy relatou que os estrangeiros foram sequestrados por um grupo criminoso quando tentavam chegar à fronteira com os Estados Unidos. Ele disse ser um imigrante ilegal vindo do Equador que teria escapado da ação.

Segundo o sobrevivente, os homens disseram pertencer ao grupo Los Zetas e resolveram assassinar os imigrantes após eles recusarem a oferta de trabalhar como matadores de aluguel para a organização criminosa. Eles teriam oferecido US$ 1.000 quinzenais.

Efe-25ago.10
Um equatoriano foi o único sobrevivente de um massacre no México; quatro das vítimas são brasileiros
Um equatoriano foi o único sobrevivente de um massacre no México; quatro das vítimas são brasileiros

O mesmo grupo foi responsabilizado ainda na terça-feira (24) pelo assassinato, há uma semana, de Edelmiro Cavazos, prefeito da cidade mexicana de Santiago, no Estado de Nuevo León, revelaram autoridades locais.

O prefeito advertiu alguns policiais municipais por maltratar ciclistas de montanha e impôs-lhes sanções, que incluíram uma diminuição do salário. A atitude teria incomodado o Los Zetas, e fez com que pensassem que Cavazos estava do lado de um grupo rival.
Desde dezembro de 2006, quando o presidente Felipe Calderón mobilizou as Forças Armadas para combater os criminosos, já foram assassinadas pelo menos 28 mil pessoas no país, de acordo com dados oficiais.

VIOLÊNCIA

Em 2009, a Comissão de Direitos Humanos estimou que 10 mil imigrantes, a maioria centro-americanos, foram sequestrados no México em seis meses, e a maioria de sobreviventes identificou os raptores como membros dos Zetas.

Nos últimos dois meses e meio, foram encontrados duas grandes valas clandestinas no país. As autoridades acreditam que foram usadas por matadores do narcotráfico para desfazerem-se de corpos de inimigos.

Em 7 de junho foram encontrados 55 corpos em uma fossa clandestina junto a uma mina do histórico povoado de Taxo (sul do México). em 24 de julho, foram encontrados mais 51 corpos em nove valas no Estado de Nuevo Léon (norte), que também é disputado entre o Cártel del Golfo e o Los Zetas.

Editoria de Arte/Folhapress

COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

 

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