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China descobre 200 pilotos de avião em situação irregular
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FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM
Investigação do governo chinês descobriu registros falsos de horas de voo em 103 pilotos da Shenzhen Airlines. A empresa é a dona do avião da Embraer que caiu no nordeste do país há duas semanas, matando 42 pessoas e deixando 54 feridos. Foi o mais grave acidente da aviação chinesa desde novembro de 2004.
De acordo com o relatório da Administração de Aviação Civil da China, um levantamento feito entre 2008 e 2009 constatou que empresas aéreas contrataram aproximadamente 200 pilotos com registros adulterados, em um período de enorme escassez desse tipo de profissional -resultado da rápida expansão do setor no país.
Metade foi contratada pela Shenzhen Airlines, que tem dezenas de pilotos brasileiros e engloba a Henan Airlines, cuja aeronave, do modelo Embraer 190, caiu quando se preparava para aterrissar no aeroporto de Yichun.
Ao longo dos últimos anos, a Shenzhen Airlines contratou pelo menos 40 pilotos brasileiros, quase todos ex-funcionários da Varig e da Rio Sul. O trecho do relatório revelado não informa se há brasileiros entre os profissionais com problemas de registro. As investigações ainda estão em andamento.
VAZAMENTO
O documento, revelado ontem pelo jornal "Notícias Econômicas da China", vazou num momento em que o país ainda procura as causas da queda, a primeira sofrida por um modelo 190.
Nos dias seguintes ao acidente, a imprensa estatal divulgou que o governo já havia se queixado à Embraer de falhas no modelo, como rachaduras em turbinas e erros nas informações do controle de voo. A fabricante brasileira não confirma ter recebido as reclamações, mas enviou técnicos para o local.
Hoje, há 652 unidades dos jatos das famílias 170 e 190 operando em 39 países. Agora, uma das linhas de investigação questiona as qualificações do piloto, que sobreviveu ao acidente, mas está em estado grave.
No final do dia de ontem, o governo chinês confirmou a existência do relatório. Em nota, afirmou que havia casos de "pilotos militares que se tornaram pilotos civis". "Depois de descobertos, foram punidos e reavaliados", informa o texto.
A China se transformou recentemente no mercado aéreo que mais cresce no mundo e tem investido pesado na melhoria dos aeroportos e no controle do tráfego aéreo. Mas a escassez de mão de obra local provocou uma intensa disputa por pilotos locais e a contratação de estrangeiros, entre os quais cerca de 150 brasileiros.
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