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Agentes do FBI visitam pastor evangélico que planeja queimar o Alcorão
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DE SÃO PAULO
Agentes do FBI (polícia federal americana) visitaram nesta quinta-feira o pastor evangélico de uma pequena igreja da Flórida (EUA) que planeja queimar o Alcorão em 11 de setembro.
Os planos de queimar 200 cópias do livro sagrado do islamismo --religião que Jones considera um perigo mundial-- já atraiu duras críticas de Washington e o próprio presidente Barack Obama pediu mais cedo na televisão que o pastor desista deste "ato destrutivo".
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O FBI passou cerca de meia hora conversando com Terry Jones, mas o porta-voz da igreja, Wayne Sapp, não comentou o que foi discutido. Os agentes também não falaram com a imprensa ao deixar a igreja.
No começo desta semana, Jones disse que agentes o tinham visitado duas vezes desde que anunciou seus planos, em julho, e que a última visita tinha sido há duas semanas.
Jones divulgará um comunicado mais tarde nesta quinta-feira em resposta à visita do FBI e ao comunicado do presidente implorando para que cancele seus planos, disse seu porta-voz.
POLÊMICA
O pastor Jones disse nesta quinta-feira que cancelará o ato se a Casa Branca fizer o pedido direto a ele. Os planos de queimar 200 cópias do livro sagrado do islamismo, religião que Jones considera um perigo mundial, atraiu duras críticas de Washington e o próprio presidente Barack Obama pediu mais cedo na televisão que ele desistisse do "ato destrutivo".
Karen Bleier/AFP | ||
Jornalista assista vídeo do pastor Terry Jones, que já admite desistir da idéia, se EUA pedirem |
Jones, líder da pequena igreja evangélica Dove World Outreach Center, na cidade de Gainesville, disse ao jornal "USA Today" que não foi contatado pela Casa Branca, Pentágono ou Departamento de Estado sobre seu projeto de transformar o 11 de setembro em uma data anual de protesto contra o islamismo. Se fosse contatado, afirmou ao jornal, "definitivamente voltaria a pensar". "Isto é o que nós estamos fazendo agora. Não acho que uma chamada deles seja algo que queiramos ignorar."
Jones protagoniza há anos uma dura campanha contra o islamismo, que rendeu até mesmo o livro "Islam Is of the Devil" ("Islã É do Demônio", em tradução livre). Nele, Jones conta que a religião islâmica é um risco à liberdade de todas as nações e tem como preceito a opressão e a violência. Sua causa, contudo, ganhou o mundo após começar a divulgar na internet a proposta para a data anual de queima do Alcorão e levou o alto escalão dos Estados Unidos a reagir.
INTERPOL EM ALERTA
A Interpol alertou aos governos do mundo todo nesta quinta-feira para o aumento no risco de ataques terroristas caso o pastor evangélico Terry Jones leve à frente o Dia Internacional para a Queima do Alcorão.
"Se a queima do Alcorão pelo pastor for mesmo realizada, há grande probabilidade de novos ataques contra pessoas inocentes", disse a Interpol em um comunicado divulgado nesta quinta-feira.
O ministro do Interior paquistanês, Rehman Malik, teria pedido à agência que alertasse o mundo todo sobre 'o crescimento da ameaça terrorista' no nono aniversário dos ataques 11 de Setembro ocorridos em Nova York e Washington em 2001.
"Considerando que fomos alertados sobre uma ameaça significativa contra a segurança pública, é nosso dever garantir que essa informação seja repassada às autoridades de todo o mundo para que tomem as medidas adequadas", disse o secretário-geral da Interpol, Ronald K. Noble.
Segundo ele, não há detalhes sobre que tipos de atentados poderiam ocorrer, mas a queima do Alcorão pode ter "consequências trágicas".
A Interpol pediu ainda que qualquer país que receba informações sobre ameaças específicas entre em contato com sua sede, que estará "24 horas em alerta".
APELO
Mais cedo, em entrevista ao programa da rede ABC "Good Morning America", o presidente americano, Barack Obama, criticou os planos do pastor Jones e disse que o evento servirá como uma "bonança para o recrutamento" de terroristas pela Al Qaeda.
Obama pediu ainda a Jones que ouça "os melhores anjos" e cancele a campanha prevista para o próximo sábado, exatos nove anos após os atentados terroristas em Nova York e Washington.
"Se ele estiver ouvindo, eu espero que entenda que o que ele está propondo fazer é completamente contrário aos nossos valores como americanos", disse Obama. "Este país é construído na noção de liberdade e tolerância religiosa", continuou o presidente.
"Eu apenas quero que ele entenda que esta pegadinha que ele está planejando pode colocar em grande risco nossos homens e mulheres de uniforme", defendeu Obama, repetindo argumento do general David Petraeus, comandante das tropas internacionais no Afeganistão.
"Olhe, isto é uma bonança para o recrutamento da Al Qaeda. [...] Se o plano for realizado, pode servir de incentivo para indivíduos terroristas se explodirem para matar outros", alertou Obama, em um tom mais direto do que costuma usar em questões nacionais. "Eu espero que ele ouça aqueles melhores anjos e entenda que isto é um ato destrutivo."
A reação de Obama é apenas a mais recente entre o alto escalão em Washington. Nesta terça-feira, a Casa Branca declarou publicamente estar preocupada com a queima do Alcorão e alertou que o projeto coloca em risco as tropas americanas no Afeganistão e pode ser usada por terroristas como campanha contra os EUA. As críticas vieram também do chefe da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Anders Fogh Rasmussen, da secretária de Estado, Hillary Clinton, e do secretário de Justiça, Eric Holder. A lista de críticos inclui ainda a Índia, o Vaticano e a Liga Árabe.
COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
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