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11/09/2010 - 08h23

Pastor chega a NY para tentar convencer muçulmanos a mudar mesquita de lugar

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DE SÃO PAULO

Depois de confirmar que abandonou seus planos de queimar cópias do Alcorão em protesto contra o islamismo, o pastor evangélico americano Terry Jones foi da pequena Gainesville, na Flórida, para Nova York para tentar convencer o imame Feisal Abdul Rauf a mudar o local de um polêmico dentro cultural islâmico e mesquita previstos para serem construídos a apenas dois quarteirões do local dos atentados de 11 de Setembro na cidade.

Responsável pelo projeto, Rauf negou nesta sexta-feira que tenha encontro marcado com o pastor da Flórida e ressaltou que os planos para o centro comunitário não mudaram. "Eu estou preparado para considerar um encontro com qualquer um que está seriamente comprometido em obter a paz. Nós não temos nenhum encontro do tipo planejado no momento", disse o imame.

O projeto da mesquita e centro cultural, orçado em US$ 100 milhões, opôs republicanos e democratas e dividiu até mesmo os familiares das vítimas do ataque às Torres Gêmeas, que matou quase 3.000 pessoas, entre elas cerca de 60 muçulmanos. Enquanto uns defendem a liberdade religiosa e o direito à construção --como o presidente Barack Obama--, outros --como a republicana Sarah Palin-- dizem que se trata de desrespeito aos mortos pela Al Qaeda.

A maioria da população ficou do lado de Palin. Pesquisa divulgada quarta-feira pelo "Washington Post" mostra que dois terços dos americanos se opõem à construção. Enquanto 82% daqueles que são contra citam a localização como principal problema, 14% afirmam que se oporiam a uma construção como essa em qualquer parte do país. A pesquisa concluiu que 49% dos americanos têm uma visão negativa do islã.

Jones protagoniza há anos uma dura campanha contra o islamismo, que rendeu até mesmo o livro "Islam Is of the Devil" ("Islã É do Demônio", em tradução livre). Nele, Jones conta que a religião islâmica é um risco à liberdade de todas as nações e tem como preceito a opressão e a violência. Sua causa, contudo, ganhou o mundo após começar a divulgar na internet a proposta para a data anual de queima do Alcorão.

Após grande destaque na imprensa americana e mundial, Jones afirmou na quinta-feira que a condição para cancelar seus planos --condenados duramente ao redor do mundo e por todo o alto escalão dos EUA-- era que Rauf mudasse o local de construção da mesquita. Ele chegou a anunciar que o acordo havia sido concretizado, informação negada pouco depois pelos lideres muçulmanos.

Na sexta-feira, em uma sequência de confusas mensagens sobre seus planos, Jones disse que suspenderia os planos da queima do Alcorão se conseguisse um encontro com Rauf. Horas depois, voltou atrás e deu um ultimato de duas horas para que os muçulmanos concordassem em mudar a mesquita de lugar.

No fim do dia, Jones falou diante de um grande número de jornalistas de todas as partes do mundo que transmitiam as últimas informações ao vivo da frente da igreja que não haverá queima do livro sagrado muçulmano neste sábado. Ele ressaltou, contudo, que ainda "estamos muito confiante de que vamos encontrá-lo e continuamos convencidos, em razão das diferentes fontes de que dispomos e que não podemos mencionar no momento, de que este encontro ocorrerá amanhã".

REAÇÃO

A proposta de Jones de queimar o Alcorão levou o alto escalão dos Estados Unidos a reagir e ganhou grande destaque na imprensa americana e mundial a partir do domingo (5), quando o general americano David Petraeus, comandante das tropas internacionais no Afeganistão, foi a público dizer que o ato colocaria em risco a segurança das tropas americanas no país asiático. Desde então, vários grandes nomes do alto escalão, incluindo a secretária de Estado, Hillary Clinton, o de Defesa, Robert Gates, e o próprio Obama, vieram a público condenar o ato e pedir que Jones desistisse da ideia.

A preocupação com a ação de tinha chegado a tal ponto em Washington que a Casa Branca entrou em contato na quinta-feira com o pastor. O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, telefonou para Jones para que mudasse de postura, ao advertir que a queima do Alcorão geraria reações em todo o mundo e colocaria em risco os soldados americanos no Afeganistão.

Já Obama fez um apelo pela tolerância religiosa dos americanos, em meio a controvérsias relacionadas ao lugar do islã na sociedade americana. "Temos que nos assegurar de que não nos voltaremos uns contra os outros", disse Obama em coletiva de imprensa na Casa Branca, às vésperas do nono aniversário dos ataques de 11 de Setembro.

"Farei todo o que puder enquanto for presidente dos Estados Unidos para lembrar aos americanos de que somos uma nação abençoada por Deus, que podemos chamar esse Deus de diferentes maneiras, mas que continuamos sendo uma nação", ressaltou o presidente.

 

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