Jornal do Egito adultera foto de encontro de líderes em Washington

O jornal estatal egípcio "Al Ahram" defendeu-se nesta sexta-feira após a Casa Branca denunciar uma manipulação fotográfica que coloca o ditador do Egito, Hosni Mubarak, em posição de liderança no lugar em que na imagem original está o presidente americano, Barack Obama.

A foto foi tirada no dia 1º de setembro, no dia em que as negociações diretas de paz entre israelenses e palestinos foram retomadas em Washington.

A foto original mostra o presidente dos EUA, Barack Obama, na liderança, rodeado pelo premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, e o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas. Ainda no tapete vermelho atrás dos três estão o rei da Jordânia, Abdullah 2º, e o ditador egípcio Mubarak.

	AP/Reprodução
	A foto manipulada (à esq.) mostra Hosni Mubarak na liderança, enquanto na imagem original Obama é quem aparece mais à frente

A equipe do "Al Ahram" decidiu inverter a posição dos líderes na sua edição de terça-feira (14), colocando Mubarak na liderança, com Obama ligeiramente atrás, à direita.

Além de despertar críticas da Casa Branca, a adulteração causou polêmica no próprio Egito.

Ativistas e jornalistas independentes disseram que a foto era amadora e classificaram a ação como uma iniciativa do regime para enganar o povo. Críticos disseram que a intenção era distrair a atenção das pessoas do fato de que o país teve sua relevância diminuída no processo de paz.

O editor-chefe do jornal, Osama Saraya, não só admitiu a manipulação fotográfica como a defendeu argumentando que a imagem original foi usada no dia em que as negociações ocorreram e a adulterada foi publicada dias depois, somente com a intenção de ilustrar o papel do Egito no processo, e não para mudar o sentido das reuniões em Washington.

"A foto expressionista é uma breve, viva e verdadeira expressão do papel proeminente que o presidente Mubarak tem na questão palestina, seu papel único ao liderar [o assunto] em Washington ou em qualquer outro local", disse Saraya.