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21/09/2010 - 22h09

Senado dos EUA pode tentar após eleições debate sobre gays assumidos no Exército

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DE SÃO PAULO

Um projeto de lei do Senado dos EUA para permitir que gays assumidos atuem no serviço militar sofreu uma grande derrota nesta terça-feira, e foi engavetado. A Casa Branca disse que apoia tentar retomar a discussão em outro momento, provavelmente no período conhecido como "lame duck" [que quer dizer "pato manco"], entre as eleições parlamentares de novembro e o dia da posse, em janeiro do ano que vem.

O Senado dos EUA bloqueou hoje o início do debate sobre as regras de defesa --que incluem uma medida autorizando o governo de Barack Obama e o Exército a rejeitarem a lei conhecida como "Don't ask, don't tell" ["não pergunte, não diga", em tradução livre], em vigor há 17 anos.

Eram necessários 60 votos entre os cem membros da Câmara Alta ara começar o debate sobre esse projeto de lei. Mas foram 56 votos a favor, e 43 contra.

Os senadores do Partido Democrata, o mesmo do presidente Barack Obama, achavam que estavam perto de conseguir levar adiante essa que é uma das principais promessas de campanha do líder. Porém, o resultado foi pior do que o esperado. Todos os membros do opositor Partido Republicano presentes na sessão de hoje votaram contra debater o projeto de lei. Além disso, dois senadores democratas --Mark Pryor e Blanche Lincoln-- votaram contra a mudança.

ESPERANÇA

"Estamos desapontados por não conseguir ir adiante com a lei, mas vamos continuar tentando", disse o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs.

A Casa Branca e os líderes democratas podem tentar aprovar a medida novamente este ano.

Se perderem assentos nas eleições parlamentares de meio de mandato, em novembro, mudar a lei vai se tornar ainda mais difícil --se não impossível-- no ano que vem.

Também deve ser difícil encaixar a discussão na agenda pós-eleições. Até lá, pelo menos, deve estar pronto um estudo do Pentágono sobre a política de proibir gays assumidos no serviço militar. Muitos republicanos, incluindo o senador John McCain, disseram que se opunham à votação antes que essa revisão do Pentágono estivesse pronta.

O senador independente Joe Lieberman, copatrocinador da medida, disse acreditar que ela ainda pode ser aprovada. "Nós não ganhamos hoje, mas podemos ganhar essa luta este ano." Lieberman disse que 14 mil soldados foram expulsos do serviço militar por causa da regra desde 1993. Isso é "o equivalente a uma divisão inteira de combatentes de guerra, dos quais precisamos em lugares como o Afeganistão e outros em todo o mundo."

VIRANDO A CASACA

A senadora Susan Collins, a única republicana moderada que apoiava a mudança da lei, era considerada como a dona do crucial 60º voto. Mas ela anunciou hoje que não apoiaria a mudança.

Senadores democratas condicionaram a mudança da regra a um projeto de lei autorizando US$ 726 bilhões em gastos militares no ano que vem. Com pouco tempo para o debate antes das eleições parlamentares, o projeto de lei recebeu pouca atenção até que grupos de defesa dos direitos gays, apoiados pela pop star Lady Gaga, começaram uma campanha agressiva tentando transformar o assunto em tema de eleição.

O senador líder da maioria, Harry Reid, um democrata, deu aos republicanos a chance de oferecer apenas uma emenda para representar as objeções republicanas à política militar sobre gays. A senadora republicana Susan Collins disse que planejava votar contra o avanço do projeto de lei, a menos que os democratas concordem em aumentar o debate, para que seus colegas possam opinar sobre outros assuntos.

Jim Manley, porta-voz de Reid, disse que o senador estaria disposto a permitir mais debates sobre o projeto de lei após as eleições de novembro. Mas "a votação de hoje não é sobre um procedimento obscuro do Senado", disse ele. "É sobre um padrão [republicano] de obstruir o debate em políticas importantes para o povo americano."

CENÁRIO

Cerca de 13 mil pessoas foram dispensadas sob a lei desde que entrou em vigor, em 1993. Apesar de a maioria das dispensas serem resultado de militares gays se assumindo, grupos de defesa dos direitos gays dizem que isso foi usado por colegas de trabalho vingativos para fazer alarde sobre soldados que nunca fizeram de sua sexualidade um problema.

Altos líderes de defesa, incluindo o secretário Robert Gates e o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA, o almirante Mike Mullen, disseram apoiar uma mudança na lei, mas de forma lenta para garantir que as alterações não prejudiquem a moral.

Gates pediu ao Congresso para não agir até que os militares terminem um estudo, previsto para ser entregue em 1º de dezembro, sobre como suspender a proibição sem causar problemas.

Ele também disse que poderia viver com a legislação proposta porque sua implementação seria adiada até 60 dias após o Pentágono completar sua revisão e Obama certificar que a mudança não prejudica a moral, recrutamento ou retenção.

ESCOLHIDO DE OBAMA

Em outra derrota para o projeto de lei, o escolhido de Obama para liderar a Marinha disse a um painel no Senado hoje que se preocupa que mudar a regra poderia servir como uma "distração" para os marines lutando no Afeganistão.

"Me preocupo que uma mudança agora vai servir como uma distração para os marines que estão extremamente focados nesse ponto em operações de combate no Afeganistão", disse o general James Amos, em comunicado por escrito, entregue ao painel.

A regra da era Clinton permite que homossexuais sirvam em segredo, mas expulsa aqueles que divulguem sua orientação sexual. Mudar a lei foi uma das promessas de Obama em sua campanha presidencial em 2008.

COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

 

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