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25/09/2010 - 08h18

Após terremoto, Haiti sofre com aumento de sequestros na elite

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LUIS KAWAGUTI
DE SÃO PAULO

Uma onda de sequestros de membros da elite haitiana, iniciada há cerca de três meses, está obrigando a ONU a desencadear operações especiais de segurança na região mais rica do Haiti, Pétion Ville. O número de crimes subiu 170% em relação ao mesmo período de 2009.

Segundo estatísticas da UNpol, a polícia da ONU (Organização das Nações Unidas), entre junho e agosto deste ano, ocorreram 43 casos de sequestro no Haiti -- a maior parte deles em Pétion Ville. No mesmo período do ano anterior, foram 16 crimes.

De acordo com Andre Leclerc, oficial de informações públicas da UNpol, aproximadamente 90% das vítimas são haitianos ricos ou norte-americanos de origem haitiana que trabalham ou passam férias no país.

Um dos casos de maior repercussão é o da adolescente Nadege Charlot, 16, no final de agosto.

Segundo jornais haitianos, o crime foi em Pelerin, bairro abastado nas montanhas de Pétion Ville.

Ela e o primo Gregoire-Ronald Chéry, 56, funcionário do Departamento de Segurança Doméstica dos EUA, foram surpreendidos em casa por criminosos.

Chéry, que visitava parentes no Haiti, tentou impedir o crime e foi morto a tiros. A adolescente foi levada.

FUGA EM MASSA

O mandante do sequestro foi Peter Gascov, líder de uma gangue de sequestradores que ganhou fama sob o pseudônimo de "Bobo".

A história de Gascov é um exemplo da explicação dada pela ONU para o aumento repentino dos sequestros no Haiti. No ano de 2008, pelo menos 265 sequestros foram realizados no país.

No ano seguinte, operações de larga escala realizadas pela PNH (Polícia Nacional do Haiti), por tropas da ONU (a maior parte formada por brasileiros) e pela UNpol, prenderam grande quantidade de criminosos e reduziram o número de sequestros para 73 ao ano.

Entre os presos estava Gascov. Mas ele voltou às ruas durante o terremoto de 12 de janeiro, que devastou o Haiti.

Na ocasião, as portas da Penitenciária Nacional e de outras cadeias menores abriram, libertando quase 5.000 detentos, em circunstâncias ainda não explicadas.

Essa primeira onda de violência após o terremoto é atribuída pela ONU à ação desses fugitivos. "Desde o terremoto, todos os dias nós capturamos alguns desses bandidos. Mas nem todos foram encontrados. Agora estamos concentrando esforços para localizá-los", disse Leclerc.

REAÇÃO DA ONU

As operações antisequestro começaram no dia 15 de agosto. Anteontem, a UNpol anunciou ter dobrado seu número de oficiais (40) na região de Pétion Ville.

Outra medida foi intensificar as ações militares e as blitze em carros suspeitos durante a noite. O objetivo é flagrar criminosos levando vítimas para cativeiros no bairro de Cité Soleil, antigo bastião rebelde na capital.

As ações são baseadas em inteligência da ONU e denúncias feitas pela população em uma espécie de "disque-denúncia", popularizado pela ONU no Haiti.

Gascov foi recapturado em uma dessas operações no último dia 13 pela PNH e pela UNpol. Outro líder de gangue, conhecido como "Etienne", foi preso em Cap Haitien, no norte do país.

A ONU trabalha agora para que a onda de violência não atrapalhe as eleições marcadas para novembro.

 

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