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21/10/2010 - 15h25

Nobel a dissidente causa "desacordo" entre EUA e China, diz secretário americano

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DA FRANCE PRESSE

EUA e China mantêm um "desacordo fundamental" sobre o caso do dissidente chinês Liu Xiaobo, agraciado com o prêmio Nobel da Paz 2010, declarou nesta quinta-feira, em Pequim, o secretário da Justiça americano, Eric Holder.

A situação do dissidente, sentenciado a 11 anos de prisão no ano passado, acusado de subversão, é a mais recente de uma série de questões que dificultam as relações entre EUA e China, já afetadas pelo valor da moeda, o yuan, e uma série de disputas comerciais.

Holder confirmou ontem (20) que o dirigente chinês, Hu Jintao, visitará os EUA em janeiro, razão pela qual ele poderia evocar com o colega americano, Barack Obama, o caso de Liu, entre muitos outros.

Reuters
O dissidente chinês Liu Xiaobo, agraciado com o Nobel da Paz neste ano; prêmio gerou forte reação do regime comunista
O dissidente chinês Liu Xiaobo, agraciado com o Nobel da Paz neste ano; prêmio gerou forte reação do regime comunista

"A questão (de Liu Xiaobo) foi abordada. Trata-se de um tema no qual EUA e China têm um desacordo fundamental", disse Holder, durante entrevista coletiva, celebrada no segundo dia de sua visita à China, durante a qual se reuniu com várias autoridades chinesas.

"O presidente Obama tomou uma posição clara sobre o tema. Achamos que a China deveria respeitar os direitos humanos fundamentais de todos os seus cidadãos, inclusive os de Liu", acrescentou Holder.

Liu Xiaobo, detido no nordeste da China, tornou-se em 8 de outubro o primeiro cidadão chinês premiado com o Nobel da Paz.

ATIVISMO

Liu, 54, tem defendido uma mudança política pacífica e gradual, em vez da confrontação com Pequim. O dissidente participou dos protestos da Praça da Paz Celestial duramente reprimidos pelo governo em 1989.

Há dois anos, Liu foi coautor de um documento exortando o governo chinês a conceder mais liberdade ao país e a acabar com o domínio absoluto do Partido Comunista sobre a política chinesa.

Devido a essa carta, o Prêmio Nobel 2010 foi condenado no ano passado a 11 anos de prisão, pena que cumpre atualmente em uma penitenciária de Pequim.

O advogado de Liu, Shang Baojun, disse esperar que, "graças a essa decisão, ele seja liberado rapidamente, embora ainda seja muito cedo para se saber se será assim mesmo".

"Espero que nesta ocasião, a China se abra ainda mais, que se levantem as restrições à liberdade de expressão.

REAÇÃO

O Ministério das Relações Exteriores da China atacou a decisão e disse que o prêmio deveria, em vez disso, ser usado para a promoção da amizade internacional e do desarmamento.

"Liu Xiaobo é um criminoso sentenciado pela Justiça chinesa por violar as leis da China", disse a Chancelaria. "[A decisão] é completamente contrário ao próprio espírito do prêmio e é uma blasfêmia ao Nobel da Paz."

O anúncio em emissoras de TV como a americana CNN foi imediatamente censurado, e sites da internet que fazem a cobertura da premiação foram bloqueados. Tentativas de envio de mensagens de texto por celular com sobre "Liu Xiaobo" não eram possíveis.

Apesar da censura, em Pequim mais de uma dúzia de apoiadores de Liu se reuniram na entrada de um parque na região central da cidade para parabenizar o dissidente. Eles entoavam os gritos "Vida longa à liberdade de expressão, vida longa à democracia!".

Liu, no entanto, é conhecido na China apenas por ativistas políticos, e a maior parte das pessoas que passavam pelo local não paravam por não saber do que se tratava.

 

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