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28/10/2010 - 10h00

Ex-presidente americano Bill Clinton volta à cena para salvar democratas

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LUCIANA COELHO
EM BOSTON

Quando a campanha de John Kerry para presidente começava a avinagrar, em 2004, os democratas convocaram Bill Clinton, recém-operado do coração, para lotar comícios e arrancar os rugidos que o candidato não conseguia tirar da plateia.

Os ânimos melhoraram, mas os democratas perderam. O triunfo viria só em 2008, com a campanha que elegeu Barack Obama e na qual o ex-presidente (1993-2001) teve atuação reticente.

Seth Wenig/AP
O ex-presidente americano Bill Clinton cumprimenta eleitores durante evento de campanha em Stony Brook, em Nova York
O ex-presidente americano Bill Clinton cumprimenta eleitores durante evento de campanha em Stony Brook, em Nova York

Passados dois anos, o partido do governo caminha para perder a maioria na Câmara na próxima terça-feira e corre riscos no Senado. É Clinton, pois, o homem da hora outra vez.

O Gallup aferiu que é ele, e não Obama, o dono do apoio mais valioso: 9% dos republicanos, 21% dos independentes e 53% dos democratas se dizem inclinados a votar em quem o ex-presidente indica (contra 2%, 12% e 48% que seguem o atual).

A pesquisa se traduz nas 103 vezes que o político grisalho --cujas rugas e a dieta "vegan" mal deixam lembrar o presidente rechonchudo e eufórico-- subiu ao palanque nesta campanha, na conta do "New York Times".

Em julho, o Gallup registrava a popularidade de Clinton em 61%, nove pontos acima da de Obama (hoje o titular da Casa Branca tem 44%, mas não há comparação com o predecessor).

O "Times" o vê como "o mais popular político em campanha", mesmo sem concorrer a cargo nenhum. Nada mal para um sujeito que deixou o governo marcado por um escândalo sexual que culminou num processo de impeachment.

"Bill Clinton é o herói americano agora, apesar de não ter saído do governo tão popular assim", afirmou o pesquisador Peter Hart, diretor do Hart Research Associates.

Em janeiro de 2001, 51% dos entrevistados pelo Gallup diziam-se felizes com a saída de Clinton, e só 39% o consideravam confiável. O ex-presidente, aliás, também havia sofrido uma derrota contundente nas legislativas de meio de mandato de 1994.

Mas sua aprovação geral pairava em 65% amparada no bom momento econômico, índice considerado dentro da média nos EUA. Quando ele deixou o poder os americanos contabilizavam superavit fiscal, algo que nunca mais viram.

É por isso, e não pelo escândalo Monica Lewinski, que ele é lembrado. Outro ponto é sua rápida capacidade de adaptação.

"Clinton, como Ronald Reagan [1981-89], foi capaz de fazer correções em seu governo após a eleição de meio de mandato e conseguiu se reeleger", diz Elaine Kamarck, cientista política que trabalhou na Casa Branca do ex-presidente democrata. "A questão é se Obama vai reavaliar seu rumo", diz.

FATOR HILLARY

Há apenas três meses, o ex-presidente não hesitava em comparar seu legado com a performance de Obama. "Enquanto as pessoas não se sentirem melhores em relação a suas próprias vidas, elas não vão se sentir melhores em relação ao presidente", afirmou à CNN.

Uma análise corrente é que Clinton tenta viabilizar uma eventual candidatura da mulher, Hillary, em 2012. Na pesquisa de popularidade do Gallup, a secretária de Estado empatava com o marido e superava o chefe, embora seja questionável se sua capacidade de atrair multidões se equipare à dos dois.

Com um ano e dois meses até as primárias partidárias, são 37% os democratas que apoiam uma candidatura de Hillary. Os dados são do fim do mês passado e têm margem de erro de 4 pontos em ambas as direções.

Não é um número desprezível, mas os que preferem a tentativa de reeleição de Obama ainda são 52% entre os eleitores do partido.

O índice de aprovação de Obama tampouco faz dele um moribundo político. Ronald Reagan e o próprio Clinton pairavam nos 40% após seus dois primeiros anos de mandato. E se reelegeram.

 

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