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Iêmen decreta 'medidas excepcionais' para cargas que saem do país
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DA FRANCE PRESSE
DE SÃO PAULO
As autoridades do Iêmen decretaram nesta segunda-feira a aplicação de medidas "excepcionais" de registro de todas as cargas que saem do país, após a descoberta de dois pacotes de bomba destinada para os EUA, anunciou segunda-feira a agência oficial de notícias Saba.
Neste domingo, o Iêmen libertou uma jovem detida ontem sob suspeita de ter enviado duas bombas aos Estados Unidos. Os pacotes com material explosivo foram enviados em voos de carga do Iêmen com destino a sinagogas em Chicago, nos EUA. Um foi interceptado no Reino Unido e outro em Dubai, na sexta-feira (29).
Com isso, não há mais suspeitos sob custódia ligados ao caso, que colocou os EUA em alerta. A principal suspeita recaiu sobre a Al Qaeda no Iêmen.
A polícia iemenita prendeu a estudante na noite de sábado, junto com sua mãe. As autoridades chegaram até ela por meio de um número de telefone deixado com a empresa de carga. Agora, as autoridades não acreditam mais que a estudante tenha enviado as bombas, mas sim que alguém tenha usado seus dados para isso.
"Outra mulher usou o nome dela e seu documento de identidade. Autoridades estão procurando por ela", afirmou uma fonte do governo do Iêmen.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
A jovem foi identificada pela Efe como Hanan Mohamed al Samawi, 22 anos, e é estudante de Engenharia da Universidade de Sanaa --anteriormente, havia sido divulgado que ela era estudante de Medicina. Ela foi libertada sob fiança, mas não pode deixar o país.
Dezenas de estudantes realizaram uma manifestação sentando-se nos campos da Faculdade de Engenharia de Sanaa para pedir que a jovem fosse libertada.
NOVO SUSPEITO
Acredita-se que um fabricante de bombas da Arábia Saudita esteja trabalhando com a filial iemenita da Al Qaeda. Ele é um dos principais suspeitos da operação, segundo uma autoridade dos EUA.
Ibrahim Hassan al Asiri, que está no topo de uma lista de terroristas da Arábia Saudita, é o irmão de um terrorista morto no ano passado, quando tentava explodir uma bomba para assassinar o chefe da autoridade de combate ao terrorismo na Arábia Saudita, o príncipe Mohammed bin Nayef.
Esse ataque, assim como outra tentativa em um avião que ia em direção aos EUA no Natal de 2009, envolveu o uso de trinitrato de pentaeritritol (PETN), um explosivo potente que parece ser a preferência da Al Qaeda no Iêmen.
Pelo menos uma das duas bombas interceptadas na semana passada usavam PETN, segundo autoridades americanas.
"O indivíduo que está fazendo essa bombas... é muito perigoso. Claramente é alguém que tem bastante treinamento e experiência. Precisamos encontrá-lo e trazê-lo para a Justiça assim que possível", disse o assessor de combate ao terrorismo da Casa Branca, John Brennan, à rede de TV ABC.
"Acho que as indicações agora, com base na investigação dos materiais, são que apenas um indivíduo está construindo essas bombas."
REVISÃO MUNDIAL
Como resultado dos atentados, governos do mundo todo estão revendo suas normas de segurança.
A secretária de segurança interna do Reino Unido, Theresa May, disse que a segurança de carga aérea ao redor do mundo está sendo revista.
"Estamos revendo como se faz a checagem das cargas. Vamos conversar com o setor de aviação sobre o tema", disse ela à BBC.
"Ontem indicamos à indústria que eles não devem aceitar carga oriunda do Iêmen que seja enviada em direção à Inglaterra ou transite pelo país."
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse no sábado que a bomba encontrada no aeroporto de East Midlands foi criada com o objetivo de explodir um avião no ar, possivelmente sobre o Reino Unido.
Tanto a Alemanha quanto a França pararam de receber cargas do Iêmen.
PACOTES-BOMBA
Autoridades de segurança no Reino Unido e nos Emirados Árabes Unidos interceptaram na sexta-feira dois pacotes suspeitos enviados do Iêmen para os Estados Unidos, com destino a sinagogas em Chicago, numa "ameaça terrorista real", segundo o presidente Barack Obama.
As suspeitas recaíram sobre a Al Qaeda na Península Árabe, que assumiu a responsabilidade por um atentado frustrado contra um avião americano no Natal de 2009.
Um dos pacotes foi encontrado em um avião de carga da empresa United Parcel Service (UPS), no aeroporto de East Midlands, cerca de 260 km a norte de Londres, no Reino Unido. Ele continha um cartucho de tinta para impressora modificado, segundo a CNN, e foi enviado de Sanaa, no Iêmen para Chicago, nos EUA, em voo com escala no Reino Unido.
Reprodução | ||
Cartucho de tinta para impressora alterado disparou alerta em avião de cargas no Reino Unido, informa CNN |
"Eu posso confirmar que o dispositivo era viável e poderia ter explodido. O alvo pode ter sido uma aeronave e, se ele fosse detonado, a aeronave poderia ter sido derrubada, disse a ministra do Interior do Reino Unido, Theresa May, neste sábado.
O outro pacote foi descoberto em uma instalação da FedEx Corp em Dubai. Uma fonte oficial nos Emirados Árabes Unidos disse que "um material explosivo foi encontrado no pacote originário do Iêmen" e que o pacote era semelhante ao encontrado no Reino Unido.
Uma autoridade americana e alguns analistas especularam que os pacotes podem ter sido apenas um teste para os procedimentos de checagem de carga, e da reação das autoridades de segurança nos EUA.
ATENTADO NO NATAL
Umar Farouk Abdulmutallab, de origem nigeriana, foi acusado de tentar explodir uma aeronave americana com uma bomba na noite de Natal do ano passado.
Reuters-28dez.09 |
Umar Farouk Abdulmutallab aparece em vídeo da Al Qaeda sendo treinado para o ataque contra um avião no dia de Natal, nos EUA |
Ele embarcou em um voo da Northwest Airlines que fazia a rota Amsterdã-Detroit e, perto do fim do trajeto, tentou acionar uma bomba que estava em sua cueca, afirmaram procuradores.
Segundo eles, o dispositivo não detonou completamente e ele foi rendido por passageiros e tripulantes e o fogo foi controlado.
Ele foi acusado pela tentativa de usar uma bomba de destruição em massa, tentativa de assassinato e outros quatro crimes. Se condenado, poderá passar o resto da vida na prisão.
O nigeriano cooperou com investigadores americanos por vários meses e disse a eles ter recebido o dispositivo e treinamento de militantes da rede terrorista Al Qaeda no Iêmen.
Desde então, a Al Qaeda na Península Árabe e um de seus líderes, o clérigo americano Anwar al Awlaki, tornaram-se alvos prioritários dos EUA. Os EUA aumentaram a ajuda militar ao governo iemenita, que tenta derrotar o braço insurgente da Al Qaeda em seu território.
COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
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