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Nos EUA, oposição atraiu brancos e independentes; latinos e negros seguiram Obama
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ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Além de aprofundar a divisão partidária no Congresso, as eleições da última terça-feira nos EUA foram marcadas por enorme aumento do conservadorismo e da polarização racial.
Ao menos 60% dos eleitores brancos votaram em candidatos republicanos, contra 38% que preferiram democratas, segundo dados do instituto Pew Research -- uma margem de 22 pontos.
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Essa marca foi fundamental para o resultado, já que 79% de todos os votantes para o Congresso, governos estaduais e cargos locais eram brancos, segundo pesquisa de boca de urna do instituto Edison Research para a CNN.
O resultado surpreendeu. Em 2006, a última eleição de meio de mandato presidencial, a divisão partidária dos brancos foi mais equânime: 51% votaram em republicanos e 47%, em democratas.
Outro fator importante para a vitória republicana, segundo análise do Pew, foi o aumento da preferência pela oposição entre independentes -- 55% votaram em republicanos. Há quatro anos, praticamente a mesma fatia votou em democratas.
Negros e latinos não surpreenderam. Dos primeiros, 90% votaram em democratas, algo tradicional. Latinos mantiveram cerca de 30% de apoio aos republicanos.
Já a proporção dos votantes que se declaram conservadores aumentou um terço, de 32% para 41%, chegando à maior porcentagem das duas últimas décadas.
Os republicanos abocanharam fatias importantes em quase todos os grupos de votantes tradicionalmente democratas, com exceção para negros e jovens.
Entre as mulheres, quase foi quebrada a tendência histórica de o grupo preferir os democratas: 48% delas votaram em republicanos e 49% em democratas. É o percentual mais baixo (em empate com 2002) desde 1982.
Já os homens votaram na maior porcentagem histórica para os republicanos -- 56%.
Uma mudança importante foi entre os trabalhadores sem diploma universitário: normalmente alinhados ao Partido Democrata, em 2010 preferiram republicanos por 62% a 35%.
Católicos, que costumam apoiar democratas, também se viraram para republicanos por 54% a 44%, diz o Pew.
Os números não correspondem ao eleitorado total do país, e sim aos que se animaram o suficiente para comparecer as urnas -- não mais que 40% dos eleitores registrados. Mas os dados mostram mudanças drásticas em relação aos que saíram de casa para votar tanto em 2008 quanto em 2006.
Considerando só idade, os republicanos foram favorecidos pelo alto comparecimento dos mais velhos (63% tinham mais de 45 anos). Entre os com mais de 65, 58% votaram em republicanos.
Em 2008, o presidente Barack Obama se beneficiou da inundação de jovens.
"Candidatos dos dois partidos falharam em conquistar os jovens", disse a presidente da ONG "Rock the Vote", Heather Smith. "Nos locais onde nós investimos em estimular participação jovem, tivemos aumento do comparecimento. Não houve queda de entusiasmo, houve falta de liderança."
Os americanos de renda mais baixa continuaram a preferir democratas, mas em proporção menor. Em 2010, 43% votaram em republicanos e 54% em democratas. Em 2006, 38% votaram para republicanos e 60% para democratas.
Mas, como se nota a cada dois anos nos EUA, nenhuma dessas tendências é necessariamente permanente.
Será preciso esperar até 2012 e observar principalmente a situação da economia antes de dizer que parcela do eleitorado Obama perdeu de fato.
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