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Bush defende Guerra no Iraque e torturas em autobiografia
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LUCÍA LEAL
DA EFE, EM WASHINGTON
O ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush (2001-2009) voltará nesta terça-feira ao cenário público com o lançamento de um aguardado --embora pouco surpreendente-- livro de memórias.
As 481 páginas de "Decision Points" (pontos decisivos, em tradução livre) não surpreenderão aqueles que forem às livrarias para saber o que levou Bush a declarar a guerra ao Iraque, como o furacão Katrina o afetou ou por que ele autorizou o uso das simulações de afogamento, técnica de tortura, no interrogatório de terroristas.
Reuters | ||
Capa do livro Decision Points, autobiografia de George W. Bush |
Todas essas respostas já foram muito exploradas em uma extensa cobertura da imprensa, ansiosos por trazer de volta à cena política o ex-presidente que encerrou seu mandato com o índice de impopularidade mais alto da história moderna do país, de 76% (mas que aparece cada vez melhor ao longo do mandato de seu sucessor, o democrata Barack Obama, e a lenta recuperação econômica).
Mas enquanto todos falam de seus deslizes políticos, como aquele no qual reconhece que pensou em se livrar do vice-presidente Dick Cheney na campanha pela reeleição em 2004, Bush quer afastar-se o máximo possível deles.
Em entrevista a Oprah Winfrey que será transmitida nesta terça-feira, Bush afirmou que não é um cientista político e se recusou a comentar as eleições legislativas que nesta semana fizeram o Partido Democrata perder a maioria na Câmara para seu Partido Republicano.
O ex-presidente também prefere não criticar seu sucessor, Barack Obama, quem ele insiste em tratar da forma como ele "gostaria de ter sido tratado". "Obama tem um trabalho muito difícil pela frente, acreditem", disse Bush. "Ele terá muitos críticos, e não precisa que eu seja um deles".
Bush inclusive elogiou o atual chefe de Estado, ao lembrar que seu carisma o impressionou antes das eleições de 2008.
ERRO
O furacão Katrina, que arrasou Nova Orleans em 2005, foi responsável por uma enxurrada de críticas a Bush após a publicação de uma imagem que o mostra a bordo do Air Force One contemplando a região atingida.
"Foi um erro enorme", destacou o ex-presidente em entrevista que a cadeia NBC transmite nesta segunda-feira, e na qual também afirma que a imagem o mostrava "distante e indiferente", em um momento no qual ele enfrentava uma série de críticas por sua lenta resposta à catástrofe.
O Katrina também originou o que Bush considera "um dos pontos mais baixos" de sua Presidência --quando o rapper Kanye West o chamou de racista e disse que ele não se importava com os negros que compõem a maioria da população de Nova Orleans.
Os comentários de West afetaram muito a imagem do ex-presidente, assim como as críticas à sua gestão na Guerra do Iraque e os protestos pelos métodos que recomendou para os interrogatórios a terroristas da Al Qaeda após os atentados de 11 de setembro de 2001.
"Pensei nas 2.971 pessoas que foram afastadas de suas famílias em 11 de setembro e em meu dever de proteger meu país de outro ato terrorista", escreve em relação às simulações de afogamento, uma prática que motivou amplas investigações dentro da CIA, a Agência Central de Inteligência americana.
A autobiografia de Bush tenta humanizar a imagem do ex-presidente americano. E, nessa tarefa, os desafios pessoais --como o momento em que decidiu largar o álcool para vencer a dependência-- são a arma de Bush para limpar sua imagem, após meses de discrição em seu rancho do Texas.
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