Jornalista russo é agredido na periferia de Moscou; ataque é o segundo em 48 horas

No segundo ataque do tipo em menos de 48 horas, um jornalista foi severamente agredido na periferia de Moscou, na Rússia, sofrendo traumatismo craniano e contusões cerebrais.

"Anatoli Adamchuk, jornalista do 'Jukovskie Vesti', foi agredido por dois desconhecidos. Sofreu um traumatismo craniano e uma contusão cerebral", declarou seu colega, Serguei Grammatin.

Uma investigação foi aberta e suspeita-se que o motivo da agressão se deva a suas atividades profissionais. Adamchuk publicou vários artigos criticando o projeto das autoridades locais para eliminar uma parte da floresta de Jukovski para dar lugar a uma rodovia.

Esta iniciativa suscitou grandes protestos entre os habitantes da região.

A agressão contra Anatoli Adamchuk aconteceu 48 horas depois do ataque contra outro jornalista russo, Oleg Karshin, do jornal independente Kommersant, que se encontra em coma artificial depois de ficar gravemente ferido por dois agresores, que o agrediram sem roubar nenhum objeto.

Inúmeros jornalistas foram agredidos, feridos ou assassinados nos últimos anos em Rússia, mas as investigações dão raramente resultados.

O caso mais conhecido é o da jornalista da oposição Anna Politkovskaya, assassinada em Moscou, em 2006. Quatro anos depois, a justiça ainda não identificou a pessoa que ordenou este assassinato.

Muitos jornalistas foram atacados ou mortos na Rússia nos últimos anos, com poucos perpetradores encontrados e condenados. Desde 2000, ao menos 18 assassinatos ficaram sem solução, segundo o Comitê de Proteção a Jornalistas, com base em Nova York.

OLEG KASHIN

O jornalista russo Oleg Kashin, 30, entrou em coma neste sábado depois de ser brutalmente espancado por dois homens, na frente de sua casa. O editor do jornal em que trabalha, o renomado "Kommersant", afirmou que o ataque provavelmente está ligado a sua cobertura de partidos da oposição.

Os dois homens encurralaram Kashin pouco depois da meia-noite deste sábado, quando ele retornava para seu apartamento. Ele bateram fortemente em sua cabeça, quebraram suas pernas, mandíbula e dedos.

Svetlana Privalova-20AGO.09/AFP/Kommersant

Oleg Kashin aparece em foto de arquivo; ele foi espancado brutalmente por dois homens em frente a seu apartamento

Colegas disseram que Kashin apanhou tanto que sofreu uma concussão e múltiplas fraturas. Depois de uma operação de emergência, os médicos o colocaram em coma artificial.

O seu editor, Mikhail Mikhailin, disse que o fato dos criminosos não terem roubado nada de Kashin e de terem quebrado seus dedos indicaria uma retaliação por seu trabalho.

Em declaração no canal de TV NTV, Mikhailin disse que Kashin investigava atualmente "organizações informais". Ele não deu mais detalhes.

Kashin já escreveu sobre os mais variados assuntos sociais e políticos, alguns deles polêmicos. Ele não era identificado como um dos mais ferrenhos opositores a Moscou.

O presidente Dmitri Medvedev já ordenou que o ministro de Interior e o procurador-geral russos supervisionem pessoalmente as investigações.

O caso foi destaque em todos os canais de TV russos. A NTV entrevistou uma vizinha que ouviu o ataque. "Ele estava coberto de sangue, seu rosto estava completamente coberto de sangue, assim como suas pernas", disse Olga. "Ele mostrou sua mão ao paramédico para que ele visse que estava toda quebrada".

Mikhailin disse que os médicos decidirão na segunda-feira se Kashin pode ser removido do coma.