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Ali Agca acusa Vaticano de planejar atentado contra papa João Paulo 2º
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DE SÃO PAULO
Mehmet Ali Agca, turco que tentou matar o papa João Paulo 2º em Roma, em 1981, disse em entrevista nesta quarta-feira que a ordem para o assassinato partiu do próprio Vaticano. Agca, 52, saiu da prisão em 18 de janeiro deste ano, após cumprir 29 anos de pena pelo atentado.
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"O governo do Vaticano decidiu o assassinato do Papa. Planejaram e organizaram tudo. A ordem "matem o papa" foi dada pelo primeiro-ministro do Vaticano, Cardeal Agostino Casaroli", disse Agca, que foi avaliado como mentalmente desequilibrado por uma equipe médica na época do atentado.
Ibrahim Usta/AP | ||
Mehmet Ali Agca é cercado por jornalistas ao deixar a prisão; ele acusa o Vaticano de planejar o assassinato |
Ele já dissera ter conexão com um grupo palestino e chegou a culpar o serviço secreto da Bulgária pela tentativa de assassinato.
João Paulo 2º chegou a encontrar-se com Agca em 1983, para dar-lhe o perdão. Na época, o papa disse que ele apresentava grande preparo militar e que não deve ter atuado sozinho.
CRÍTICAS
Ele concedeu a entrevista ao canal TRT TV, que foi duramente criticado pela mídia turca --que já boicotara uma entrevista coletiva de Agca logo após sua libertação.
Mehmet Ali Birand, editor-chefe da filial turca da CNN, disse que este havia sido o primeiro boicote conjunto da imprensa turca e chamou de "inapropriado" o fato do canal ter chamado para uma entrevista um homem acusado de matar o editor-chefe do jornal "Milliyet", Abdi Ipecki (em 1979).
ATAQUE
Agca tinha apenas 23 anos quando tentou matar João Paulo 2º, em 13 de maio de 1981. Ele disparou quatro tiros e acertou três no papa, que atravessava a Praça São Pedro do Vaticano, em meio à multidão.
Alguns meses depois, Agca, foi condenado à prisão perpétua e levado para o presídio Montacuto de Ancona. João Paulo 2º o perdoou ainda no leito do hospital, onde se recuperava dos graves ferimentos do atentado, e o visitou na prisão no dia 28 de dezembro de 1983. O Papa também recebeu a mãe do terrorista em 1985 no Vaticano.
Em março de 1999, Agca escreveu ao embaixador da Turquia em Roma para dizer que tinha saudades da sua terra e queria cumprir a pena pelo assassinato do jornalista.
TERRORISTA
Nascido em 1958, de uma família muito pobre de Hekimhan, província de Malatya (leste da Turquia), Ali Agca estudou na faculdade de Ciências Econômicas de Istambul, onde começou a se relacionar com integrantes do extrema-direita nacionalista.
Militou na organização de jovens chamada "Os idealistas", próxima ao Partido de Ação Nacionalista, cujo chefe, o ex-coronel Aspalan Turques, foi preso no momento do atentado da Praça de São Pedro.
Ali Agca já havia sido preso na Turquia, no dia 25 de junho de 1979, acusado do assassinato de Abdi Ipecki. Durante o interrogatório, deu a impressão de que era um homem determinado, de sangue frio. "Não sou nem de direita nem de esquerda. Sou um terrorista independente", disse na época.
Antes do julgamento, escapou da prisão, no dia 25 de novembro. Foi condenado à revelia. Depois de fugir, telefonou e escreveu várias vezes à imprensa para afirmar que seu único objetivo era "matar o cruzado João Paulo 2º", que deveria visitar a Turquia em três dias.
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