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25/11/2010 - 18h52

China evita pressionar Coreia do Norte, que ameaça novos ataques e acusa EUA

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Os EUA aumentam a pressão sobre a China para que evite novas provocações de sua aliada Coreia do Norte, mas a China respondeu com parcimônia nesta quinta-feira, enquanto a Coreia do Norte fez novas ameaças de ataques a Seul e acusou Washington pela instabilidade na península Coreana.

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Na terça-feira, a Coreia do Norte disparou quase 50 peças de artilharia contra a ilha sul-coreana de Yeonpyeong, deixando dois militares e dois civis mortos e 18 pessoas feridas. Os dois países trocam acusações sobre quem começou o confronto.

As duas Coreias vivem em uma tensa paz desde a assinatura de um armistício em 1953, com ataques e provocações esporádicos. Tecnicamente, ainda estão em guerra.

A China é o único grande aliado e principal parceiro econômico do regime norte-coreano, e por isso tem forte poder de influência sobre Pyongyang. O gigante asiático apoia o governo de Pyongyang preocupado que um colapso poderia trazer instabilidade para suas fronteiras. Pequim também se preocupa que uma Coreia unificada seria dominada pelos EUA, principal aliado de Seul.

AFP - 23.nov.10
Fumaça pode ser vista em local atingido por bombardeio norte-coreano, na ilha Yeonpyeong, no disputado mar Amarelo
Fumaça pode ser vista em local atingido por bombardeio norte-coreano, na ilha Yeonpyeong, no mar Amarelo

O presidente dos EUA, Barack Obama, deve falar com o presidente da China, Huj Jintao, nos próximos dias sobre a situação na península coreana, informou um representante da Casa Branca, dizendo que não há uma data certa para o telefonema.

A China não condenou o ataque do aliado norte-coreano, mas disse rejeitar "qualquer provocação militar", declarou nesta quinta-feira o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, em uma visita a Moscou.

Mais tarde, o ministério chinês das Relações Exteriores destacou que a China está preocupada com as manobras militares conjuntas dos Estados Unidos e Coreia do Sul.

"A China se opõe a qualquer ação que mine a paz e a estabilidade na península coreana e expressa sua preocupação com estas manobras", declarou o porta-voz da chancelaria, Hong Lei.

O representante chinês também defendeu que é necessário retomar as paralisadas conversas do grupo de seis países, envolvendo as duas Coreias, Rússia, China, Japão e EUA.

NOVAS AMEAÇAS

Já a Coreia do Norte ameaçou novos ataques, e culpou os EUA pela instabilidade na região. "[A Coreia do Norte] vai travar segundos e mesmo terceiros ataques sem qualquer hesitação se belicosas na Coreia do Sul fizeram provocações militares imprudentes de novo", afirmou um comunicado militar, citado pela agência oficial KCNA.

"Os EUA não podem evitar a culpa pelo recente confronto", acrescentou. "Se os EUA realmente querem trégua na península Coreana, não deveriam acobertar sem pensar as forças 'fantoche' da Coreia do Sul, mas controlá-las rigidamente para que elas não cometam mais nenhuma provocação militar aventureira.

PODER EM PYONGYANG

Relatos da imprensa sul-coreana afirmam que o ataque de terça-feira contra a ilha de Yeonpyeong foi provavelmente ordenado pessoalmente pelo líder norte-coreano, Kim Jong-il.

Ele e seu filho e provável sucessor, Kim Jong-un, visitaram a base de artilharia na costa do Mar Amarelo de onde partiram os disparos, afirma um jornal de Seul. A visita teria acontecido poucas horas antes do ataque.

Autoridades e analistas americanos especulam que o ataque esteja ligado ao processo de sucessão na Coreia do Norte, e seria uma forma de Kim Jong-il assegurar uma transição tranquila de poder para o filho e herdeiro político, Kim Jong-un, de 27 ou 28 anos.

Em setembro, Kim Jong-un foi promovido a general e nomeado o número 2 da comissão militar do Partido dos Trabalhadores norte-coreano. Desde então, deixou o anonimato para ser alvo intenso da propaganda estatal, que o chama de "camarada brilhante".

O desafio para Kim Jong-il, segundo analistas, é que seu filho ganhe o respeito dos militares, a principal força política do regime comunista norte-coreano. Horas depois do confronto de ontem, a agência estatal KCNA afirmou que pai e filho inspecionavam uma fábrica de molho de soja e uma escola de medicina em Pyongyang. O texto não trazia nenhuma menção à troca de disparos.

RENÚNCIA EM SEUL

Após ser alvo de críticas por não ter colocado em prática "respostas mais contundentes" à Coreia do Norte, o ministro da Defesa sul-coreano, Kim Tae-young, apresentou sua renúncia ao cargo, enquanto Seul decidiu enviar tropas a cinco ilhas do Mar Amarelo, Pyongyang rejeitou cooperação com a ONU (Organização das Nações Unidas) e a China condenou os exercícios militares conjuntos entre Coreia do Sul e Estados Unidos.

AFP
Após críticas, ministro da Defesa sul-coreano apresentou renúncia, já aceita pelo presidente Lee Myung-bak
Após críticas, ministro da Defesa sul-coreano apresentou renúncia, já aceita pelo presidente Lee Myung-bak

A demissão já foi aceita pelo presidente sul-coreano Lee Myung-bak, informou a agência estatal Yonhap.

O governo já havia recebido duras críticas da oposição, que pediu a saída de Kim e demandou respostas "mais contundentes" frente às ameaças de Pyongyang. Membros do próprio partido de Lee e parlamentares da oposição acusaram o governo de ser demasiado fraco e responder tarde demais.

"Por que nós disparamos apenas 80 morteiros quando o Norte disparou 170?", perguntou Sim Dae-Pyeong, presidente do opositor Partido do Povo.

Os legisladores também questionaram Kim sobre a aparente falta de informações da inteligência sobre o ataque.

MAIS TROPAS

Ainda respondendo às críticas de parlamentares da oposição e de sua própria base aliada, o governo sul-coreano enviou tropas a cinco ilhas o Mar Amarelo, incluindo a que foi alvo de disparos de Pyongyang, e anunciou que deve alterar as regras militares de seu Exército.

Jo Yong-Hak/Reuters
EUA e Coreia do Sul anunciaram manobras militares após ataque do regime de Pyongyang contra ilha sul-coreana
EUA e Coreia do Sul anunciaram manobras militares após ataque do regime de Pyongyang contra ilha sul-coreana

Tradicionalmente as tropas sul-coreanas recebem instruções de resguardar as fronteiras mas tentar evitar a escalada de tensão no caso de provocações do Norte, buscando evitar a retomada dos confrontos encerrados em 1953.

No entanto, após o recente ataque, o governo sinaliza que pode repensar o papel muito "passivo" frente ao vizinho.

"O governo sul-coreano decidiu aumentar suas forças, incluindo tropas em terra, em cinco ilhas do Mar Amarelo" ao noroeste da Coreia do Sul, declarou Hong Sang-Pyo, um alto funcionário da Presidência, após uma reunião de emergência convocada pelo presidente sul-coreano Lee Myung-bak, que sofreu críticas ainda na quarta-feira pela demora em responder aos ataques do Norte.

Arte/FSP
 

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