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30/11/2010 - 11h47

Arábia Saudita é obcecada com ameaças do Irã, revelam dados do WikiLeaks

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

As mensagens diplomáticas americanas vazadas pelo site WikiLeaks revelam que a Arábia Saudita está obcecada com o perigo representado pelo programa nuclear iraniano e com as aspirações hegemônicas de Teerã na região.

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Apesar do reino saudita, sunita, se mostrar moderado nas declarações públicas sobre o vizinho xiita, os documentos revelam que nas conversas privadas se mostra veemente contrário ao programa nuclear do Irã, do qual suspeita que o objetivo final é a bomba atômica.

"Disse a vocês que cortem a cabeça da serpente", declara, citando o rei Abdullah, o embaixador saudita em Washington, Adel al Jubeir, ao colega americano no Iraque, Ryan Crocker, e ao general David Petraeus.

O diplomata recorda a ambos os "pedidos frequentes (do rei Abdullah) aos Estados Unidos para um ataque ao Irã que acabe com o programa militar nuclear", segundo a transcrição de uma reunião de 17 de abril de 2008.

Em janeiro de 2009, o ministro adjunto saudita das Relações Exteriores, o príncipe Turki al Kabir, "advertiu que se o Irã tentar produzir armas nucleares, outros países do Golfo se veriam obrigados a seguir seu exemplo".

Em março do mesmo ano, o rei Abdullah considerou que mesmo com uma resolução do conflito israelense-palestino, "o objetivo do Irã é criar problemas. Deus nos proteja de ser suas vítimas".

ATITUDE REGIONAL

As declarações do monarca, no entanto, não surpreenderam os analistas da região.

"É uma atitude comum na região, mas estes sentimentos deveriam ficar na esfera privada", afirma Theodore Karasik, do Instituto de Análises Militares para o Oriente Médio e o golfo Pérsico.

Assim como as demais monarquias do golfo, com exceção do Qatar, a Arábia Saudita também teme as pretensões hegemônicas do Irã xiita e persa, sobretudo no Iraque e Líbano.

Riad acusa os agentes iranianos de tentar implantar organizações seguindo o modelo do Hezbollah libanês no Iêmen e na África, segundo os documentos. Também afirma que Teerã apóia a rebelião zaidita xiita no norte do Iêmen.

"No passado tivemos relações corretas, mas não podemos confiar neles", afirmou o rei Abdullah a fontes americanas em 2009.

Também disse que pediu ao chanceler iraniano, Manouchehr Mottaki, que se afastasse do Hamas palestino.

O ministro iraniano justificou o apoio ao Hamas "porque são muçulmanos", segundo um documento americano. O rei saudita respondeu: "Não, são árabes, e vocês os persas não devem interferir nos assuntos árabes".

Os telegramas mostram ainda que os sauditas se negaram a enviar um embaixador ao Iraque. Riad alegou temer pela segurança do diplomata e desconfiar do primeiro-ministro xiita Nuri al Maliki.

"Não confio neste homem (...) É um agente iraniano", disse o rei Abdullah aos americanos em março de 2009.

Em uma primeira reação, a Arábia Saudita afirmou não estar envolvida nos documentos do WikiLeaks e que não sabe nada sobre a autenticidade dos mesmos.

O Irã destacou que os telegramas não têm valor e pretendem apenas "espalhar a discórdia" entre os muçulmanos.

 

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