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Diplomata americano chama relação Cuba-Venezuela de "Eixo da Travessura"
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DA REUTERS, EM CARACAS
Os serviços de inteligência cubanos prestaram assessoria direta ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, como parte daquilo que um diplomata americano chamou de "Eixo da Travessura", segundo uma comunicação sigilosa divulgada pelo site WikiLeaks.
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AP - 9.nov.10 |
Foto divulgada pelo jornal cubano "Granma" mostra o ex-ditador cubano Fidel Castro em conversa com Chávez |
A comunicação diplomática dos EUA, datada de 2006 e divulgada nesta quarta-feira, releva a preocupação de Washington com a influência cubana na Venezuela, um dos principais fornecedores de petróleo para o mercado americano.
"Embora o impacto econômico dos cubanos trabalhando na Venezuela possa ser limitado, a inteligência cubana tem muito a oferecer para os serviços de inteligência antiamericanos da Venezuela", diz a comunicação postada no site do WikiLeaks.
Em seus 12 anos como presidente da Venezuela, Chávez estabeleceu uma forte aliança com o regime comunista cubano, subsidiando a venda de petróleo ao país, em troca do envio de milhares de médicos e consultores cubanos para a Venezuela.
Ele criou milícias semelhantes às existentes em Cuba para defender seu governo, e especialistas há muito tempo dizem que os serviços cubanos de inteligência treinam seguranças de Chávez.
CONFIANÇA
O novo documento sugere que Chávez confia nas informações cubanas quase mais do que nos seus próprios serviços de inteligência.
"Os agentes cubanos de inteligência têm acesso direto a Chávez e frequentemente lhe fornecem informações que não são verificadas por agentes venezuelanos", diz o documento.
"Relatos estratégicos indicam que os laços de inteligência entre cubanos e venezuelanos são tão avançados que as agências dos dois países parecem estar competindo entre si pela atenção da RBV (República Bolivariana da Venezuela)."
A comunicação é parte dos mais de 250 mil documentos do Departamento de Estado que o WikiLeaks vem divulgando nesta semana em seu site ou por meio da imprensa. O site não revela como obteve os documentos.
Essa comunicação havia sido considerada sigilosa pelo seu autor, o então conselheiro político da embaixada dos EUA em Caracas, Robert Downes.
O título do relatório era "O Eixo da Travessura Cuba/Venezuela: a Visão de Caracas", numa aparente referência ao "Eixo do Mal", expressão criada pelo ex-presidente George W. Bush para se referir a três inimigos dos EUA --Coreia do Norte, Irã e o Iraque do ditador Saddam Hussein.
WIKILEAKS
Cerca de 250 mil documentos diplomáticos confidenciais do Departamento de Estado dos EUA vieram à tona neste domingo, divulgados pelo site WikiLeaks. Os chamados "cables" [telegramas] revelam detalhes secretos --alguns bastante curiosos-- da política externa americana entre dezembro de 1966 e fevereiro deste ano, em um caso que começa a ficar conhecido como "Cablegate".
São 251.288 documentos enviados por 274 embaixadas. Destes, 145.451 tratam de política externa, 122.896, de assuntos internos dos governos, 55.211, de direitos humanos, 49.044, de condições econômicas, 28.801, de terrorismo e 6.532, do Conselho de Segurança da ONU. Os telegramas foram divulgados por meio de um grupo de publicações internacionais: "The New York Times" (EUA), "Guardian" (Reino Unido), "El País" (Espanha), "Le Monde" (França) e "Der Spiegel" (Alemanha).
O WikiLeaks divulga documentos secretos há anos, mas ganhou destaque internacional este ano, com três vazamentos. No primeiro, publicou um vídeo confidencial, feito por um helicóptero americano, que parece mostrar um ataque contra dois funcionários da agência de notícias Reuters e outros civis. O segundo tornou públicos 77 mil arquivos de inteligência dos EUA sobre a guerra do Afeganistão. O terceiro divulgou mais 400 mil arquivos expondo ataques, detenções e interrogatórios no Iraque.
O Pentágono suspeita que quem está por trás dos vazamentos é o analista de inteligência Bradley Manning, 22.
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