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Vazamento do WikiLeaks mostra "cinismo" dos EUA, diz presidente russo
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DA EFE, EM MOSCOU
O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, disse nesta sexta-feira que os documentos diplomáticos americanos divulgados nos últimos dias pelo site WikiLeaks mostram o "cinismo" da diplomacia dos Estados Unidos.
"Estes vazamentos são reveladores, mostram todo o cinismo das avaliações e juízos que prevalecem na política externa de alguns Estados. Neste caso, me refiro aos Estados Unidos da América", assinalou Medvedev, citado pelas agências russas.
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Ao mesmo tempo, o líder russo sustentou que a Rússia não dramatiza a situação criada pelos vazamentos e acrescentou: "não somos paranoicos e não vinculamos as relações russo-americanas com os documentos".
Medvedev fez as declarações em entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, no balneário russo de Sochi (no mar Negro).
Ele acrescentou que os diplomatas americanos "têm direito de fazerem seus próprios juízos, mas quando estas valorações caem no domínio público podem realmente prejudicar os vínculos diplomáticos e afetar o espírito das relações".
Parte dos documentos diplomáticos vazados pelo site mostram uma visão dura dos diplomatas americanos sobre os líderes russos. Um dos telegramas afirma que Medvedev não tem voz de comando e é apenas o Robin do Batman Vladimir Putin, primeiro-ministro do país.
Outros telegramas assinados por americanos descrevem a Rússia como um estado mafioso, dizem que a democracia no país desapareceu e o governo está nas mãos de serviços de segurança.
Na quinta-feira (2), o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, declarou que não esperava tanta "arrogância, grosseria e falta de ética" por parte dos diplomatas americanos em uma entrevista a Larry King, da rede "CNN".
Putin garantiu que as afirmações dos diplomatas americanos em um dos documentos que ele é "Batman" e Medvedev é "Robin" têm como objetivo "desonrar" aos dois.
O primeiro-ministro referiu-se ainda aos documentos no qual o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, falou ao titular da mesma pasta francesa (Hervé Morin) que "a democracia russa desapareceu e o governo é uma oligarquia dirigida pelos serviços de segurança".
WIKILEAKS
Cerca de 250 mil documentos diplomáticos confidenciais do Departamento de Estado dos EUA vieram à tona neste domingo (28), divulgados pelo site WikiLeaks. Os chamados "cables" [telegramas] revelam detalhes secretos --alguns bastante curiosos-- da política externa americana entre dezembro de 1966 e fevereiro deste ano, em um caso que começa a ficar conhecido como "Cablegate".
São 251.288 documentos enviados por 274 embaixadas. Destes, 145.451 tratam de política externa, 122.896, de assuntos internos dos governos, 55.211, de direitos humanos, 49.044, de condições econômicas, 28.801, de terrorismo e 6.532, do Conselho de Segurança da ONU. Os telegramas foram divulgados por meio de um grupo de publicações internacionais: "The New York Times" (EUA), "Guardian" (Reino Unido), "El País" (Espanha), "Le Monde" (França) e "Der Spiegel" (Alemanha).
O WikiLeaks divulga documentos secretos há anos, mas ganhou destaque internacional este ano, com três vazamentos. No primeiro, publicou um vídeo confidencial, feito por um helicóptero americano, que parece mostrar um ataque contra dois funcionários da agência de notícias Reuters e outros civis. O segundo tornou públicos 77 mil arquivos de inteligência dos EUA sobre a guerra do Afeganistão. O terceiro divulgou mais 400 mil arquivos expondo ataques, detenções e interrogatórios no Iraque.
O Pentágono suspeita que quem está por trás dos vazamentos é o analista de inteligência Bradley Manning, 22.
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