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24/12/2010 - 07h40

EUA sabiam de ataque israelense a reator nuclear na Síria em 2007, diz jornal

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DE SÃO PAULO

Um telegrama que a então secretária de Estado americana Condoleezza Rice enviou a seus embaixadores no mundo, em abril de 2008, aponta que Washington estava a par do bombardeio israelense contra um reator nuclear na Síria em setembro de 2007. O documento vazado pelo site WikiLeaks foi obtido com antecipação pelo jornal israelense "Yedioth Ahronoth".

Israel nunca confirmou oficialmente o misterioso bombardeio aéreo à Síria, que elevou a tensão regional. Doze dias depois do ataque, contudo, o então chefe da oposição e atual primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, deixou claro o envolvimento de seu país no incidente.

A Síria, por sua vez, sempre desmentiu que o local bombardeado era uma planta nuclear e admitia apenas que era "uma instalação militar em construção".

"Em 6 de setembro de 2007, Israel destruiu o reator nuclear que a Síria construía em Al Kibar aparentemente com ajuda da Coreia do Norte", diz o telegrama secreto da secretária de Estado.

"Nossos especialistas de inteligência estão convencidos que o ataque estava dirigido a um reator do mesmo tipo que a Coreia do Norte construiu em Yongbyon", diz o documento. "Temos todas as razões para acreditar que o reator não foi construído com um objetivo pacífico".

Condoleezza Rice acrescenta na nota que, até o momento do envio do telegrama, os EUA haviam preferido não compartilhar a informação com os embaixadores americanos para "tentar evitar um conflito".

É a primeira vez que um documento oficial constata que os Estados Unidos tinham conhecimento dos fatos sobre o bombardeio aéreo israelense, que destruiu "totalmente" a instalação síria, segundo o documento.

Rice afirma ainda que, na época do ataque israelense, faltava apenas semanas para o reator sírio entrar em funcionamento.

No mês passado, em suas memórias "Decision Points" ("Pontos Decisivos"), o ex-presidente americano George Bush afirma que Israel tinha lhe pedido para atacar o reator sírio --mas que concluiu que os riscos eram altos demais.

ATAQUE

Em 6 de setembro de 2007, a Síria anunciou ter repelido aviões israelenses que invadiram seu espaço aéreo. Na época, o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, disse desconhecer a incursão aérea no país inimigo.

Um porta-voz militar sírio não identificado disse à agência de notícias síria Sana que os aviões israelenses lançaram munição em uma área não habitada, "sem causar danos materiais ou humanos", antes de fazer um alerta.

Em 19 de setembro, Netanyahu foi a público confirmar que Israel executou uma operação militar no território da Síria. Foi a primeira confirmação feita por uma personalidade política israelense do misterioso ataque, que voltou a elevar as tensões entre Jerusalém e Damasco.

Netanyahu disse a uma emissora de TV israelense que não apenas sabia da operação, como participou da decisão de executá-la. Oficialmente, contudo, o governo de Israel mantém-se em silêncio sobre o assunto.

Em seu único comentário público sobre a ação, o presidente sírio, Bashar al Assad, admitiu que Israel lançou bombas em um prédio que ele descreveu como "relacionado aos militares", mas que, segundo ele, "não estava em uso".

Meses depois, vieram as primeiras especulações de que o ataque aéreo teve como alvo uma instalação que especialistas em inteligência consideram ser um reator nuclear parcialmente construído. Funcionários de governos que tiveram acesso aos relatórios de inteligência disseram à imprensa que o reator seria do mesmo tipo que a Coreia do Norte utilizou para produzir seu combustível nuclear para uso em armamentos.

O ataque faria eco a uma operação que Israel realizou mais de 25 anos atrás, em 1981, quando destruiu o reator de Osirak no Iraque, pouco antes de entrar em operação. Os israelenses julgam que o ataque tenha atrasado em muitos anos as ambições nucleares do Iraque. Atualmente, há fortes rumores de que Israel prepara um ataque contra as instalações nucleares do Irã.

ALVO

A revelação vem um dia depois do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, afirmar que o site publicará 3.700 documentos sobre Israel dentro de quatro ou seis meses.

"Ainda estamos esperando para publicar documentos sobre Israel, a grande maioria deles não foram divulgados e são polêmicos", disse.

Segundo Assange, os documentos são relacionados com Israel ou tem o país como origem. "Apenas 1% ou 2% deles foram revelados", afirma.

Com agências de notícias

 

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