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25/12/2010 - 08h12

Em Gaza, cristãos comemoram Natal com discrição

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MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A GAZA

Sem vinho nem presunto, itens proibidos pelo regime islâmico do Hamas, a pequena comunidade cristã da faixa de Gaza só pensa em manter a discrição neste Natal.

Esta tem sido a marca das celebrações cristãs em Gaza desde que o Hamas assumiu o controle, primeiro por meio de eleições (2006) e depois em uma guerra civil (2007).

Até quatro anos atrás eram tradição a árvore de Natal montada na praça central de Gaza e ornamentos natalinos pelas ruas da cidade. Hoje, festas em lugares públicos são vetadas pelo Hamas.

Estimados em 3.000, os cristãos são uma gota no mar muçulmano da população de Gaza, de 1,5 milhão. A comunidade já foi dez vezes maior, mas a maioria mudou para a Cisjordânia ou imigrou, para fugir do bloqueio israelense.

A tendência é geral: hoje só 2% da população em Gaza e Cisjordânia é cristã.

Embora em Gaza eles façam questão de negar qualquer tipo de perseguição, há tensão no ar desde os episódios de violência ocorridos depois que o Hamas assumiu o controle da área, numa disputa à bala com o rival Fatah.

Na esteira dos confrontos, uma escola e um convento cristãos foram incendiados. Um ano depois, a sede da ACM (Associação Cristã de Moços) foi incendiada, sob a acusação de estar tentando converter muçulmanos.

MISTURA

Como de hábito na região, política e religião se misturam. A maioria dos cristãos era ligada ao governo do Fatah, que hoje administra a Autoridade Nacional Palestina (ANP) na Cisjordânia.

Fuad Tarazi era subprocurador geral de Gaza e hoje vive uma situação insólita: é um desempregado assalariado. Continua a receber seu salário da ANP, mas foi orientado a não trabalhar.

"Sigo as ordens do presidente", diz Tarazi. Prudente sobre as restrições impostas pelo Hamas, não poupa críticas ao bloqueio israelense.

Ele está entre os 500 cristãos com permissão de Israel para passar o Natal em Belém, mas lamenta que a mulher, Suzane, 34, não possa acompanhá-lo -a permissão só vale para quem tem menos de 15 anos ou mais de 35.

A discrição de Gaza contrasta com o clima de festa em Belém. A cidade onde Jesus nasceu está coberta de neons e símbolos natalinos.

Pela primeira vez desde a segunda intifada (rebelião) palestina, em 2000, o número de turistas em Belém chegará neste ano a 2 milhões.

Os dias de violência ficaram para trás e os incidentes são raros. A segurança melhorou graças à cooperação com Israel e à profissionalização das forças palestinas, sob a tutela dos EUA.

O muro de segurança construído por Israel virou atração turística --e alvo de protestos dos palestinos.

"Se sob ocupação chegamos a 2 milhões, sem ela o número poderia ser dez vezes maior", disse à Folha a ministra palestina do Turismo, Khouloud Daibes.

 

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