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29/12/2010 - 08h52

Presidente do Zimbábue usa WikiLeaks para investigar rival

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DE SÃO PAULO

O premiê do Zimbábue, Morgan Tsvangirai, pode sofrer acusação de traição por conversa mantida com o embaixador americano relatada em documentos dos EUA revelados pelo site WikiLeaks.

Em despacho de 24 de dezembro do ano passado, segundo o 'Guardian', o premiê defende a manutenção das sanções internacionais contra o país, que têm como maior alvo o ditador Robert Mugabe, no poder desde 1980 e rival de Tsvangirai.

O procurador-geral do Zimbábue, Johannes Tomana, afirmou que pretende nomear comissão para determinar se a revelação configura traição, crime que pode ser punido com pena de morte.

TsvangirayiMukwazhi - 20.dez.2010/ Associated Press
O premiê Morgan Tsvangirai (à esq.), o seu vice, Arthur Mutambara, e o ditador Robert Mugabe (dir.) no palácio de governo
O premiê Morgan Tsvangirai (à esq.), o seu vice, Arthur Mutambara, e o ditador Robert Mugabe (dir.) no palácio

"O WikiLeaks parece mostrar uma traiçoeira conspiração entre cidadãos do Zimbábue e agressivos atores, particularmente os EUA", disse Tomana ao estatal "Herald".

"Com efeito imediato, eu estou instruindo uma equipe para analisar os temas que surgiram com o WikiLeaks."

Na semana passada, os EUA impuseram sanções contra o procurador alegando que suas ações comprometem as instituições locais.

A intenção de Tomana é compartilhada pelo partido de Mugabe, o Zanu-PF, que defende a abertura de inquérito sobre o caso e aprovação de lei que considere traição a defesa de sanções ao país.

GOVERNO DE UNIÃO

A iniciativa é novo indício de esgotamento do governo de união formado para colocar fim à grave crise política desencadeada após as eleições presidenciais de 2008.

Na ocasião, Tsvangirai venceu Mugabe no primeiro turno, mas abandonou o pleito antes do segundo, alegando perseguição de partidários por parte do governo.

O impasse --e uma crise humanitária de grandes proporções- só foi contornado com a formação, após intensa pressão internacional, do governo de união que assumiu em fevereiro de 2009.

O acordo logrou conter a deterioração da situação humanitária e econômica local, mas não foi o suficiente para que a maioria das sanções internacionais fosse revista.

Pelo que fora acordado, uma nova Constituição deveria ser redigida, e eleições gerais seriam realizadas até fevereiro do próximo ano.

Mas no último dia 17, Mugabe anunciou a intenção de realizar o pleito sem a nova Carta, na prática enterrando a possibilidade de um entendimento para a continuidade de governo de união no país.

Partidários de Tsvangirai, contudo, saíram em defesa do premiê, alegando que no mesmo despacho o desafeto de Mugabe aparece pedindo 'flexibilidade' nas sanções.

"O Zanu-PF implementou uma estratégia de reciprocidade, utilizando as sanções contra o MDC [de Tsvangirai]. O premiê gostaria de ver movimentos discretos para dar modesta recompensa por modestos progressos", diz o texto segundo o "Guardian".

Críticos de Mugabe afirmam ainda que uma eventual investigação não poderia deixar de fora partidários do presidente que aparecem nos papéis do WikiLeaks.

Em um deles, um diplomata relata como inclusive a mulher do ditador, Grace Mugabe, e vários de seus aliados obtiveram milhões de dólares com extração ilegal de diamantes no país.

 

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