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07/01/2011 - 07h58

Quênia teme leva de refugiados do Sudão

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CAROLINA MONTENEGRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM NAIRÓBI (QUÊNIA)

O governo do Quênia anunciou nesta quarta-feira planos de contingência para lidar com um possível fluxo de refugiados do vizinho Sudão, devido ao referendo marcado para o próximo domingo.

Mais de 20 mil refugiados podem cruzar a fronteira se a consulta acabar em violência, segundo o Alto Comissariado para Refugiados da ONU (Acnur). No referendo, a população de maioria cristã do sul decidirá se quer a separação do norte muçulmano e árabe.

A consulta é resultado de um acordo que pôs fim em 2005 a uma guerra que matou 2 milhões de pessoas.

Yasuyoshi Chiba/AFP
Mulheres carregam sacos de comida doada pela ONU, que investiu US$ 32 milhões para alimentar refugiados do Sudão
Mulheres carregam sacos de comida doada pela ONU, que investiu US$ 32 milhões para alimentar refugiados do Sudão

A expectativa é que mais de 90% dos moradores do sul do Sudão escolham tornar-se independentes. Teme-se uma nova guerra, caso o norte não aceite a independência do sul, rico em petróleo.

O chanceler queniano, George Saitoti, afirmou que "há indicações" de que o pleito será pacífico.

"No entanto, se surgirem dificuldades no Sudão e pessoas vierem buscar abrigo no Quênia, já estamos nos preparando. Haverá apoio humanitário e logístico, se for necessário", disse.

A recepção aos refugiados será feita por meio de uma parceria entre o governo do Quênia e o Acnur. O plano conjunto prevê um sistema de registro e entrega de documentos para os refugiados.

O Quênia já abriga hoje cerca de 360 mil refugiados, a maioria deles de origem somali, sudanesa e etíope, segundo dados do Acnur.

Nos últimos meses, com a aproximação do referendo, muitos sul-sudaneses voltaram ao país para votar. A expectativa do Acnur é que muitos deles retornem ao Quênia após o referendo.

Estima-se que pelo menos 4 milhões de sul-sudaneses vivam fora do país, sendo 60 mil só no Quênia.

Para minimizar esse fluxo na fronteira, o governo do Quênia instalou seções eleitorais para que os 15.057 sul-sudaneses no país participem da consulta.

Duas delas ficarão na capital, Nairóbi, e o restante em campos de refugiados espalhados pelo país.

90% POBRES

"Será instalada uma seção eleitoral no campo de refugiados de Dadaab, outras em Eldoret, Kitale, Nakuru e Kakuma. Mas a maioria dos sul-sudaneses preferiu voltar para casa para o referendo", afirmou Michael Majok chefe da missão.

A contagem dos votos será feita no Quênia, e os resultados, enviados para autoridades em Juba (capital do sul) e Cartum (do norte).

"Vou votar aqui em Nairóbi. O custo da passagem de ida e de volta para passar tão pouco tempo em Juba não compensa", disse Joseph Akol, 20. Ele deixou a família em Juba e imigrou para o Quênia para jogar basquete.

"Acho que o Sudão vai se dividir, mas eu só voltaria pra Juba se a vida lá melhorasse, não há emprego, é muito difícil", afirmou.

Independente, o sul do Sudão deve se tornar um dos países mais carentes do globo, com 90% dos habitantes abaixo da linha da pobreza.

 

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