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Chefe da inteligência desaconselha ataque de Israel contra Irã
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DA REUTERS, EM JERUSALÉM
O chefe da agência de inteligência israelense Mossad afirmou em relatório ao governo que o Irã não é capaz de construir uma bomba nuclear antes de 2015 e aconselhou contra um ataque preventivo de Israel às instalações nucleares da República Islâmica.
A avaliação, feita pelo diretor Meir Dagan, que se aposentou nesta quinta-feira, aponta para a confiança de Israel nas sanções contra o Irã, lideradas pelos Estados Unidos, para desencorajar ou atrasar os esforços iranianos de enriquecimento de urânio.
"O Irã não conseguirá uma bomba nuclear antes de 2015, se conseguir", disse Dagan, segundo transcrição obtida pela agência de notícias Reuters.
Dagan, que em junho de 2009 disse a parlamentares israelenses que o Irã poderia ter sua primeira ogiva nuclear até 2014, atribuiu sua previsão à uma variedade de fatores, incluindo agitação interna no país e o impacto de sanções internacionais.
O programa nuclear iraniano, que o Ocidente diz ter fins militares, também sofreu com incidentes como a invasão de computadores iranianos por um vírus.
OCIDENTE
As agências de inteligência ocidentais também dizem que o Irã poderia fabricar uma bomba a partir de meados da década, se escolher enriquecer urânio a níveis mais elevados e dominar tecnologias de armamento.
O Irã diz que está refinando urânio apenas até o menor nível de pureza necessário para produzir eletricidade e isótopos médicos.
Dagan, um ex-general que passou oito anos na chefia do Mossad, disse que qualquer ação militar israelense contra o Irã deve ser último recurso. O ataque, alertou, pode estimular o Irã a abandonar o Tratado de Não Proliferação --do qual Israel não é signatário-- e prosseguir o seu programa totalmente livre de inspeções da ONU (Organização das Nações Unidas).
"Israel não deve se apressar para atacar o Irã, fazendo isso apenas quando a espada estiver em seu pescoço", disse Dagan.
Israel assume uma política de silêncio sobre seu programa nuclear, sem negar ou confirmar que exista. O país, contudo, é visto como o único no Oriente Médio com uma bomba nuclear.
ULTIMATO
O tom de cautela do relatório de Dagan diverge do ultimato aos EUA e seus aliados dado recentemente pelo vice-primeiro-ministro, Moshe Yaalon. Ele afirmou que os países têm até três anos para frear o programa nuclear iraniano.
Yaalon afirmou que o Irã segue sendo a principal prioridade do governo israelense, mas não mencionou possíveis ataques militares unilaterais por parte de Israel --rumor que ganha cada vez mais força.
Yaalon já havia sido duro com o Irã anteriormente, afirmando que era preferível que Israel atacasse a República Islâmica em vez de permitir que o país consiga a bomba atômica.
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, já pedira no começo de novembro ao Ocidente que convença o Irã sobre o risco de sofrer uma ação militar caso mantenha seu programa nuclear.
Em discurso a uma conferência judaica nos Estados Unidos, Netanyahu disse que as sanções econômicas não demoveram Teerã, e que só uma ameaça crível de ação militar iria convencer os "tiranos de Teerã" a não desenvolverem armas atômicas.
O Irã nega ter a intenção de desenvolver armas atômicas, mas afirma que não abrirá mão de um programa nuclear que seja voltado para objetivos pacíficos.
ATAQUES
Israel já atacou reatores nucleares de países vizinhos antes. Em julho de 1981, lançou um ataque aéreo contra reator do Iraque. Em setembro de 2007, um bombardeio israelense destruiu suposto reator nuclear na Síria.
Israel nunca confirmou oficialmente o misterioso bombardeio aéreo à Síria, que elevou a tensão regional. Doze dias depois do ataque, contudo, o então chefe da oposição e atual primeiro-ministro deixou claro o envolvimento de seu país no incidente.
A Síria, por sua vez, sempre desmentiu que o local bombardeado era uma planta nuclear e admitia apenas que era "uma instalação militar em construção".
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