Obama deve fazer apelo à tolerância em visita ao Arizona

O presidente dos EUA, Barack Obama, vai hoje a Tucson (Arizona) fazer um discurso em homenagem às vítimas do tiroteio de sábado na esperança de repetir o que alguns de seus antecessores fizeram em momentos de crise: unir o país.

Segundo o jornal "Washington Post", o tema central da fala deve ser a tolerância.

De "comandante em chefe", Obama deve passar hoje a "conselheiro em chefe", executando um papel que já foi de Ronald Reagan, após a explosão da nave Challenger, em 1986, Bill Clinton, no atentado em Oklahoma City, em 1995, e George W. Bush, no 11 de Setembro.

A grande dúvida é se o atual mandatário vai conseguir ter o mesmo sucesso.

Isso porque o clima político está bastante acirrado, e o ataque em Tucson não serviu para amenizar a tensão.

Morreram no tiroteio seis pessoas; 14, entre elas a deputada democrata Gabrielle Giffords, ficaram feridas.

Nos programas de TV e rádio, os democratas dizem que a atmosfera de divisão política adotada pelo movimento ultraconservador Tea Party e por políticos como Sarah Palin pode ter contribuído para o ataque.

Os conservadores respondem que o clima de conflito é adotado tanto por democratas como por republicanos e que não está claro se o crime teve motivação ideológica.

Para um dos fundadores do Tea Party em Tucson, a ideia de que o ataque foi causado por programas de rádio ou por extremistas do movimento tem provocado danos.

"Isso dá uma ideia de que alguém como eu ou minha mulher causou essas mortes. Não há provas. E não há provas de que Sarah Palin causou essas mortes", disse Trent Humphries ao jornal britânico "The Guardian".

Segundo pesquisa da CBS, 57% dos americanos não acreditam que a acalorada retórica política tenha colaborado para o ataque.

Obama não tem usado a mesma retórica dos colegas de partido. Nas breves manifestações públicas desde o tiroteio, ele vem dizendo que o momento é de oração.

Até o final da tarde de ontem, a Casa Branca não tinha divulgado qual será o foco do discurso de Obama.

A fala será transmitida no horário nobre da TV. Segundo o "Post", deve haver uma bênção, um momento de silêncio e leitura de poesia.

RECUPERAÇÃO

Segundo os médicos, Giffords continua em coma induzido após o tiro na cabeça, mas já é capaz de respirar sem ajuda de aparelhos.

O atirador Jared Loughner teve anteontem o pedido de fiança negado pela Justiça.

Nesta terça-feira, a família de Loughner se manifestou pela primeira vez. Em nota, pede desculpas às vítimas pelos "acontecimentos hediondos" e diz não saber porque eles ocorreram.