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Aos 7, filha de militar morto no Haiti não tem festa de aniversário
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HUDSON CORRÊA
DO RIO
Giovanna fez 7 anos nesta quarta-feira, mas não terá festa de aniversário. Pelo menos neste ano, a mãe Heloísa Chagas Maia de Camargos, 36, prefere só entregar os presentes e deixar para cortar um bolo no sábado (15).
A data "é uma alegria e uma tristeza", diz Heloísa.
Giovanna faz aniversário no mesmo dia em que seu o pai, o 2º tenente do Exército Raniel Batista de Camargos, 43, ficou sob escombros do terremoto no Haiti e morreu.
Quando a terra começou a tremer, ele estava conectado à internet com a família e participava, por vídeo conferência, justamente da festa de aniversário da filha.
Na sala da casa em Natal (RN), também estava o outro filho do casal, Luís Gustavo, 3.
De repente, por volta das 19h30, a conexão caiu. Era consequência do terremoto, mas como interrupções nas conversas eram frequentes, a família não se preocupou.
Todos cantaram parabéns para Giovanna e, algum tempo depois, foram dormir. A notícia da morte veio na manhã seguinte, às 10h.
A família de Camargos é uma das que entraram na Justiça contra a Poupex e a Bradesco Vida e Previdência.
Ao menos quatro famílias reivindicam judicialmente o pagamento do seguro em dobro sob argumento de que os militares foram vítimas de morte acidental a serviço do Exército.
As duas instituições afirmam que o seguro não cobre terremoto, mas que mesmo assim fizeram pagamento, porém não em dobro.
Heloísa recebeu R$ 130 mil das empresas. Ainda não há decisão nos processos judiciais.
Na semana passada, as famílias também receberam, cada uma, R$ 500 mil de indenização do governo federal. Ainda serão pagos R$ 510 mensais por filho em idade escolar.
Com o dinheiro da indenização, Heloísa pôde ir de Natal a Patos de Minas (MG), onde o corpo do marido está enterrado.
Pegou um avião até Brasília e enfrentou sete horas de viagem de ônibus. Ela está na casa dos sogros, onde passou o aniversário da filha.
Curiosa, Giovanna já acessa a internet, mas a mãe bloqueou conteúdos sobre a morte do pai, que estava há uma semana de deixar o Haiti e se reencontrar com a família em Natal.
DESFEITA
Cely Zanin, viúva do general João Eliseu Souza Zanin, que acompanha outras famílias, diz que todas as 18 receberam a indenização do governo. Ela reclama, porém, de uma desfeita do Exército.
"Vai ter celebração na sede do Exército em Brasília e nenhum parente foi convidado", diz Cely.
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