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14/01/2011 - 10h39

Milhares vãos às ruas na Tunísia protestar por queda de ditador

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Ao menos 5.000 tunisianos protestam nesta sexta-feira do lado de fora do Ministério do Interior da Tunísia, na capital Túnis, pela renúncia do ditador Zine el Abidine Ben Ali, apesar de sua promessa na véspera de não concorrer à quinta reeleição no pleito de 2014.

A multidão gritava frases como "Ben Ali, saia!" e "Ben Ali, obrigada, mas já é o suficiente" diante do prédio do ministério, após marchar pelas principais avenidas da cidade. Outros usavam termos mais pesados como "Ben Ali assassino", em meio ao hino nacional.

Ao contrário dos violentos confrontos e manifestantes dos últimos dias --que deixaram um saldo oficial de 23 mortos e um não oficial de ao menos 66--, a polícia permaneceu apenas observando os jovens pendurados sobre postes de luz, lotando telhados de casas e as principais ruas da capital. Um policial antidistúrbios chegou a dar um sinal de positivo com o dedão para um manifestante que carregava uma placa com lemas antigoverno.

Fethi Belaid/AFP
Secretária-geral do opositor Partido Progressista Democrático, Maya Jeridi, grita slogans contra governo
Secretária-geral do opositor Partido Progressista Democrático, Maya Jeridi, grita slogans contra governo

A agência de notícias Efe, que cita fontes sindicais, afirma que os protestos ocorreram também em outras regiões do país, como em Kairouan (centro), Gafsa (sudoeste) e nas regiões do centro-oeste como Kaserín, Tela e Sidi Bousaid.

As manifestações ocorrem horas depois de Ben Ali, há 23 anos no poder, dizer que vai deixar o poder em 2014, quando o país terá novas eleições.

"Entendo o povo", disse o governante à TV tunisiana, ao ordenar um cessar-fogo às tropas de segurança para tentar acalmar os piores protestos em décadas. Jornalista da France Presse em Túnis relata que as forças de segurança vistas há semanas no centro da capital não estavam mais nas ruas nesta sexta-feira.

A cidade, afirma a agência, começou a voltar à rotina com a reabertura das lojas e cafés e o fluxo habitual de veículos.

Os protestos começaram no dia 17 de dezembro, depois que um jovem comerciante ateou fogo ao próprio corpo em Sidi Bouzid, a 265 km ao sul de Túnis. Ele protestava contra o embargo pela polícia de frutas e verduras que vendia na rua. As autoridades alegam que ele não tinha autorização.

O rapaz, um desempregado com educação superior, morreu em 4 de janeiro, em um hospital na capital tunisiana.

Desde o protesto, milhares de tunisianos foram às ruas do país alegando estar revoltados com a falta de empregos para os jovens e o que eles percebem como reação exagerada da polícia na tentativa de controlar os protestos. Eles reclamam ainda por melhores condições de vida e contra corrupção e repressão do governo.

As autoridades, por sua vez, dizem que os distúrbios foram o trabalho de uma minoria de extremistas violentos no país onde o governista Marcha pela Constituição e Democracia, domina o cenário político.

Eles afirmam ainda que a polícia apenas atirou em defesa própria, quando foi atacada por manifestantes violentos, que ignoraram os disparos de alerta. Os protestos, sem precedentes no país, levaram algumas regiões a decretar estado de sítio e levaram militares às ruas para tentar manter a ordem pública.

Colônia francesa até 1956, a Tunísia foi governada por Habib Bourguiba até 1987, quando Ben Ali tomou o poder num golpe de Estado. Embora jamais tenha sido uma democracia, o país do norte da África ostenta uma forte economia, tem um dos melhores índices de desenvolvimento humano do continente e é visto como uma das nações mais seculares do mundo árabe.

 

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