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Reino Unido ajudou Líbia a libertar terrorista, diz WikiLeaks
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DA EFE, EM LONDRES
DE SÃO PAULO
O governo do Reino Unido aconselhou o regime do ditador líbio, Muammar Gaddafi, sobre como usar um diagnóstico de câncer para obter a libertação do terrorista líbio condenado à prisão perpétua pelo atentado de Lockerbie, revelam documentos vazados pelo site Wikileaks ao jornal "The Daily Telegraph".
A revelação coloca em xeque o governo britânico, que alegou não ter influenciado na libertação em meio a investigações de que teria atuado em troca de um acordo milionário de exploração de petróleo.
Segundo os documentos diplomáticos, Bill Rammel, um secretário de Estado do Ministério de Relações Exteriores britânico ofereceu assessoria jurídica detalhada à Líbia sobre como utilizar o diagnóstico de câncer terminal de Abdelbaset Al Megrahi para conseguir sua libertação por motivos humanitários da prisão escocesa onde cumpria pena.
Sabri Elmhedwi-09set.10/Efe |
Terrorista Abdelbaset Al Megrahi recebe visita no hospital; Londres teria ajudado na sua libertação de prisão escocesa |
Megrahi foi o único condenado pelo ataque a bomba contra o voo 103 da Pan Am sobre Lockerbie, que deixou 270 mortos em 1988, a maioria americanos. Ele foi sentenciado à prisão perpétua por uma corte especial escocesa, em 2001.
A polêmica libertação de Megrahi foi decretada em agosto de 2009 pelo governo escocês por motivos humanitários, já que ele teria um câncer de próstata em fase terminal --e no máximo três meses de vida. O ex-agente dos serviços secretos foi recebido como herói na Líbia. Em julho de 2010, professor Karol Sikora examinou Megrahi para o governo líbio e disse ao jornal "Sunday Times" que o líbio poderia viver mais dez anos.
Recentemente, o Comitê de Relações Exteriores do Congresso dos Estados Unidos abriu investigação sobre os bastidores da libertação de Megrahi. A suspeita é de que a gigante do petróleo British Petroleum (BP) fez lobby com o governo escocês pela libertação de Megrahi para facilitar um acordo de US$ 900 milhões para exploração de petróleo com a Líbia.
Sob pressão, o governo negou qualquer cumplicidade com a libertação de Megrahi e disse que foi uma decisão exclusivamente do governo autônomo escocês.
O escritório do primeiro-ministro Alex Salmond afirmou após as revelações que os documentos confirmam que o governo do então premiê britânico Tony Blair agiu de maneira falsa no caso, com duas opiniões diferentes nas esferas pública e privada.
POLÊMICA
Em maio de 2007, Blair elogiou o acordo de exploração de petróleo entre a BP e a Libya Investment Corp. como um marco da relação entre os dois países e chegou a abraçar Gaddafi, após duas horas de reunião em uma tenda.
No mesmo mês, Reino Unido e Líbia assinaram um memorando de entendimento para negociar acordos de extradição, assistência legal mútua, aproximação civil e comercial e transferência de presos.
Pouco mais de um ano depois, em 17 de novembro de 2008, os dois países assinaram o acordo para a transferência de presos --ratificada pelo Parlamento no ano passado.
Pouco após a libertação de Megrahi, a BP reconheceu em comunicado que pediu ao governo britânico que acelerasse a transferência de um prisioneiro da Líbia em 2007, lembrando que a demora poderia trazer consequências negativas aos interesses comerciais britânicos.
Agora, a BP ressalta que não falou especificamente no caso de Megrahi e que a ratificação do acordo de exploração com a BP era apenas um dos muitos interesses comerciais envolvidos no processo.
O governo britânico sempre defendeu que a libertação de Megrahi era uma decisão exclusivamente escocesa, na qual não poderia interferir. A Escócia tem poderes legais dentro do sistema britânico.
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