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11/02/2011 - 08h42

Programa nuclear brasileiro coloca Argentina em alerta

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CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

A Argentina acendeu um 'sinal amarelo' em relação aos rumos do programa nuclear brasileiro, disseram altos diplomatas do país vizinho à embaixada dos EUA em Buenos Aires, em dezembro de 2009.

O encontro foi relatado pelos americanos em telegrama divulgado ontem pela organização WikiLeaks (www.wikileaks.ch).

Os argentinos citaram entre os motivos de preocupação a aproximação do governo brasileiro com o Irã e declarações de acadêmicos e ex-funcionários brasileiros lamentando a desvantagem do país em relação aos outros membros do Bric (Rússia, Índia e China), que contam com a bomba.

Mas disseram que não estavam 'demasiadamente preocupados' nem acreditavam que o Brasil viria a romper acordos internacionais e bilaterais para produzir armas atômicas.

O grupo reclamou da compra de armas pelo Brasil e do ministro da Defesa Nelson Jobim, que teria 'influência excessiva' no governo Lula e havia feito uma palestra na Argentina sem coordenar com o governo local.

Disse esperar que o sucessor de Lula adotasse políticas menos 'controvertidas' nos setores de defesa e relações exteriores.

A conversa ocorreu pouco depois da visita ao Brasil do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, em novembro de 2009.

Naquele mês, a diplomacia brasileira se absteve em moção contra Teerã na AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).

A apreensão argentina já era conhecida -no país vizinho, iranianos são acusados do atentado à associação judaica Amia, em 1994.

O Brasil tentou aplacá-la com a garantia de que não haveria associação atômica com o Irã e com a intensificação da colaboração com a Argentina nessa área.

No ano passado, foi assinada declaração bilateral que promete 'aperfeiçoar' a Abaac, a agência de inspeções nucleares mútuas.

Há duas semanas, na visita da presidente Dilma Rousseff a Buenos Aires, houve um acordo para a elaboração conjunta do projeto de reatores para fins de pesquisa e produção de isótopos usados na medicina.

PROTOCOLO ADICIONAL

No despacho vazado pelo WikiLeaks, foi discutida a resistência brasileira a assinar o Protocolo Adicional do TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear), que permitiria inspeções mais abrangentes da AIEA nas instalações atômicas do país.

Instados pelos americanos, os argentinos confirmaram que, assim como a AIEA, não têm acesso às centrífugas de enriquecimento de urânio brasileiras.

Mas disseram que também não pretendem assinar o protocolo sem o Brasil, argumentando que tal pressão seria 'contraprodutiva'.

Em outro telegrama, publicado em janeiro, americanos sugeriam que a melhor estratégia para levar o Brasil a aderir ao instrumento seria convencer a Argentina a fazê-lo antes.

 

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