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12/02/2011 - 07h16

Irmandade Muçulmana mantém discrição no Egito

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MARCELO NINIO
ENVIADO AO CAIRO

Três décadas de oposição organizada falharam em mudar o regime egípcio, algo que os protestos populares deflagrados pelos jovens alcançaram em 18 dias.

Agora que Mubarak se foi, as forças oposicionistas se organizam para evitar um possível vácuo de poder.

Principal grupo de oposição, embora posto na ilegalidade pelo regime Mubarak, a Irmandade Muçulmana manteve-se discreta ao longo das últimas duas semanas de protestos, mas ontem celebrou a queda do ditador.

"Saúdo o povo egípcio e os mártires", disse Mohamed el-Katatni, ex-líder do bloco no Parlamento, em referência aos mais de 300 mortos nos conflitos. Katatni afirmou que a Irmandade aguarda os próximos passos da junta militar que assumiu o poder para decidir como agirá.

Para Ayman Nour, segundo lugar na eleição presidencial de 2005, perdendo de longe para Mubarak em uma votação repleta de denúncias de fraude, é hora de pensar num governo civil, após tantos anos de domínio militar.

"É o dia mais importante da história do Egito", disse Nour, que passou três meses na prisão em 2005. Segundo ele, o fato de o comando militar ter sido encarregado da transição não preocupa: "O Exército sabe que sua missão é nos levar ao Estado civil".

Mohamed ElBaradei, ex-chefe da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), que voltou ao país no fim de 2009 para se tornar uma das principais faces da luta por reformas, também mal continha o entusiasmo.

"Este é o dia mais feliz da minha vida", exultou o Nobel da Paz, cotado como possível candidato à Presidência. "O Exército precisa compartilhar o poder com o povo. A mensagem de 10 milhões de pessoas nas ruas ficou clara não só para Mubarak, mas também para os militares."

Wael Ghonim, o executivo do Google que ficou 12 dias preso por ajudar a organizar os protestos, também festejou a queda: "Espero um futuro brilhante. Eu acredito nos 80 milhões de egípcios".

Pega de surpresa, a oposição não se arriscou a apontar um nome que possa unir o eleitorado após a transição.

No meio da multidão da praça Tahrir, tremulava uma solitária bandeira da Tunísia, lembrando a revolta que há menos de um mês derrubou o ditador Zine El Abidine Ben Ali e que serviu de inspiração para os egípcios.

 

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