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18/02/2011 - 23h25

Mortos podem chegar a 50 na Líbia; revolta se espalha pela África

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O Oriente Médio e a África viveram um dia de intensos protestos nesta sexta-feira. No Bahrein as forças de segurança abriram fogo contra os manifestantes ferindo ao menos 50, enquanto no Egito os manifestantes saíram às ruas para comemorar a revolução, na "Marcha da Vitória". Estimativas da rede de TV Al Jazeera, com base no Qatar, apontam para até 50 mortos na Líbia.

O Bahrein e a Líbia mantiveram a violenta repressão aos protestos. Em Manama as forças de seguranças receberam ordens de continuar atirando com munição real contra os manifestantes enquanto em Benghazi e outras cidades líbias o Exército foi enviado às ruas.

A onda de distúrbios no mundo árabe --e o temor de que ela se espalhe para a Arábia Saudita, maior exportador mundial de petróleo-- levou na quinta-feira o petróleo tipo Brent à sua maior cotação em 28 meses, US$ 104 por barril. Na sexta-feira, ele era cotado a pouco mais de US$ 102 em Londres.

###CRÉDITO###

Dando sinais de que deve se espalhar por países além do Oriente Médio e norte da África, a onda de revoltas chegou ao oeste do continente africano, no Senegal, e ao chifre da África, no Djibuti.

BAHREIN

Soldados abriram fogo contra milhares de manifestantes que desafiaram a proibição do governo e se aglomeraram na praça Pérola, no centro de Manama, nesta sexta-feira, ferindo ao menos 50 pessoas.

De acordo com funcionários do hospital Salmaniya, vários dos pacientes atendidos apresentavam ferimentos de armas de fogo.

"Isto é uma guerra", disse o médico Bassem Deif, cirurgião que examinou várias vítimas que chegaram ao local.

O novo incidente acontece um dia depois de a polícia ter retirado à força um acampamento de protesto na capital.

AP
Manifestante não-identificado é carregado após ser ferido no Bahrein; Exército atirou contra manifestantes
Manifestante não-identificado é carregado após ser ferido no Bahrein; Exército atirou contra manifestantes

"Nós achamos que foi o Exército", disse o parlamentar Sayed Hadi, do Wefaq, o principal partido xiita, que renunciou ao Parlamento ontem. Outro integrante do Wefaq, Jalal Firooz, disse que os manifestantes estavam nas ruas em protesto contra a morte de um deles nas ruas ontem, quando a polícia lançou gás lacrimogêneo.

Milhares de pessoas que foram às ruas do Bahrein para o funeral dos mortos durante uma operação de forças de segurança contra a praça que manifestantes pró-reformas estavam acampados pediram, pela primeira vez desde o início da onda de protestos no país, o fim da dinastia sunita que governa o país há mais de 40 anos.

LÍBIA

Após três dias de protestos e relatos de até 50 mortos nos confrontos entre manifestantes e forças de segurança, a Líbia enviou o Exército às ruas e reconheceu apenas 14 vítimas, enquanto as Nações Unidas e o presidente dos EUA, Barack Obama, condenaram o uso excessivo de violência na repressão às manifestações. Ainda na quinta-feira, relatos de ativistas e sites de oposição indicaram ao menos 20 mortos no país.

AFP
Imagem de vídeo mostra supostos manifestantes antirregime destruindo um monumento de Gaddafi em Tobruk
Imagem de vídeo mostra supostos manifestantes antirregime destruindo um monumento de Gaddafi em Tobruk

O jornal "Quryna", de propriedade de Saif al Islam, um dos filhos do ditador líbio Muammar Gaddafi, que está há 42 anos no poder, admitiu nesta sexta-feira que as forças de segurança usaram munição real contra os manifestantes em Benghazi, segunda cidade do país, e que 14 morreram.

IÊMEN

Multidões rivais ocuparam as ruas da capital do Iêmen, Sanaa, e de duas outras cidades do país, demonstrando a força do ditador Ali Abdullah Saleh e dos manifestantes que exigem o fim dos seus 32 anos no poder.

No maior protesto antigoverno, dezenas de milhares de pessoas ocuparam a praça Hurriya (Liberdade) em Taiz, cerca de 200 quilômetros ao sul de Sanaa. Dois manifestantes morreram e 27 ficaram feridos na explosão de uma granada durante os protestos na cidade, ao sul de Sanaa, informaram fontes médicas.

A granada foi lançada contra pessoas que acampavam pelo sétimo dia consecutivo para reclamar a saída de Saleh em uma praça de Taez rebatizada praça de Liberdade, como a que foi centro da revolta contra o regime egípcio.

"Abaixo o ditador, abaixo a opressão!", gritavam os manifestantes acampados durante dias na praça Liberdade. Cerca de 10 mil partidários de Saleh também saíram às ruas da cidade. "Sim à união e à estabilidade, não ao caos e à sabotagem", gritavam os apoiadores.

DJIBUTI

Mais de 6.000 foram às ruas em protestos contra o presidente Ismail Omar Guelleh, no poder desde 1999, e cuja família comanda o país há mais de três décadas.

Os manifestantes, que temem que o líder consiga chegar ao terceiro mandato nas eleições presidenciais de abril, foram reprimidos pelas forças de segurança com bombas de gás lacrimogêneo e cassetetes.

No ano passado, Guelleh alterou o artigo da Constituição que limitava a dois o número de mandatos seguidos na Presidência do país.

O Djibouti é um país-cidade, assim como a Cingapura. A pequena nação não conta com a presença de jornalistas estrangeiros e abriga escritórios de poucas organizações internacionais.

SENEGAL

Os protestos chegaram nesta sexta-feira ao Senegal, país do oeste da África localizado na região sub-saariana, quando um homem ateou fogo ao próprio corpo em frente ao palácio presidencial na capital Dacar.

Testemunhas relataram que o homem segurava um documento em suas mãos e que caiu após as chamas tomarem conta de seu corpo, antes de ser levado a um hospital.

Uma emissora de rádio comercial diz que o homem era um soldado e que estava usando seu uniforme durante a tentativa de autoimolação.

O Senegal é um país muçulmano considerado moderado e supostamente democrático, embora esteja imerso numa das piores crises energéticas das últimas décadas. O custo de vida também subiu absurdamente nos últimos anos.

O país é governado pelo presidente Abdoulaye Wade desde 2000, que busca um terceiro mandato e também parece querer emplacar o filho numa linha sucessória.

Um telegrama diplomático dos EUA divulgado pelo WikiLeaks diz que os dois aparentemente "preparam o caminho para uma sucessão presidencial dinástica".

 

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