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20/02/2011 - 08h42

Repressão e benesses conferem estabilidade a ditadores árabes

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SAMY ADGHIRNI
DE SÃO PAULO

Nenhum regime árabe está a salvo de ser sacudido por revoltas populares, mas alguns governos parecem atravessar as atuais turbulências da região sem sofrer nenhuma ameaça existencial -pelo menos por enquanto.

Cada um à sua maneira, países como Arábia Saudita, Síria e Kuait se sustentam em terrenos menos propensos a levantes com desfechos como os de Tunísia e Egito, onde os ditadores caíram.

Especialistas ouvidos pela Folha dizem que uma combinação de fatores políticos, econômicos e sociais contribui para elevar a resistência diante da onda de insurreições no mundo árabe.

"Há variáveis óbvias, como o bem-estar social e a situação econômica", afirma Paul Salem, diretor do centro de estudos Carnegie Oriente Médio de Beirute.

O pequeno, rico e etnicamente homogêneo Qatar, por exemplo, segue imune. Mas a capacidade de gerar e distribuir prosperidade não basta. No Bahrein, o governo vem recorrendo à violência.

"Outro fator-chave é o tamanho da repressão política. Regimes mais flexíveis tendem a ser mais aceitos", diz Salem, citando o Marrocos.

O rei Mohamed 6º promoveu abertura política desde que ascendeu, em 1999. Os marroquinos, apesar da pobreza generalizada, vivem em relativa liberdade.

Uma passeata foi convocada para este domingo em várias cidades do Marrocos contra o desemprego e por mais democracia, mas não há sinais de contestação do rei.

Outro país onde não há questionamento aberto do regime é o Kuait. A monarquia tem a palavra final, mas permite vida parlamentar ativa e aberta, além de razoável liberdade de expressão.

No Líbano, país árabe mais próximo de uma democracia no sentido ocidental, a fragmentação da sociedade impede a coesão. "Não há a unidade social necessária às revoluções", diz o analista Ibrahim Saleh, da Universidade do Cabo (África do Sul).

Alguns governos vendem à população a ideia de uma legitimidade histórica e religiosa. A dinastia marroquina reivindica descendência do profeta Maomé. A saudita insiste em que é guardiã dos locais mais sagrados do islã.

Roxane Farmanfarmaian, da Universidade Cambridge, rejeita o argumento. "A legitimidade só surge quando o povo se reconhece nos líderes, e isso só ocorre em sistemas democráticos. Por isso, Israel e Turquia são os únicos legítimos da região."

A pesquisadora diz ainda que, em Arábia Saudita e Síria, a ausência de contestação reflete a bem-sucedida ação repressora, que semeia o pavor e se apoia em setores-chave, como o militar.

 

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