Publicidade
Publicidade
Odebrecht deixa no país obras no valor de R$ 5,2 bilhões
Publicidade
GABRIELA MANZINI
DE SÃO PAULO
Os protestos que ameaçam a ditadura de Muammar Gaddafi também põem em xeque o trabalho da brasileira Odebrecht no país.
Luiz Teive Rocha, 57, presidente da Odebrecht Internacional, braço estrangeiro da empresa -- que, entretanto, exclui negócios na América Latina e em Angola --, contou à Folha, em meio aos trabalhos para a retirada urgente de cerca de 5.000 funcionários do país, que não existe "nenhuma" previsão para a retomada das obras.
Na capital líbia, Trípoli, estavam nada menos que dois de seus três maiores contratos: o do novo aeroporto internacional e o do Terceiro Anel Viário. O primeiro valia 1,4 bilhão (R$ 3,21 bilhões) e o segundo, 900 milhões (R$ 2,06 bilhões). Em ambos os casos, afirma, as obras estavam quase pela metade. O faturamento total da empresa em 2009 foi de R$ 40 bi.
"Estamos preocupados em retirar todos com segurança. Não há uma previsão [de retorno]. É uma previsão que, acho, ninguém tem", diz.
Mais duas grandes construtoras brasileiras, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez, estão na Líbia. Mas a Odebrecht é a que tinha o maior número de brasileiros -- 187, todos em Trípoli.
O executivo diz que o cenário atual, em que a capital parece cercada pelas tropas rebeldes e é palco de tiroteios violentos, parecia impossível duas semanas atrás. Que dirá quando as construções começaram, em abril de 2007.
Na época, as dificuldades estavam relacionadas ao fechamento da economia líbia, alvo de sanções internacionais. "Não era um país em atividade comercial regular com o resto do mundo."
Em quase quatro anos de obras, o brasileiro diz ter se impressionado com a rotatividade do gabinete. Ministros do Transporte foram três. Mas o trabalho ia bem até janeiro, quando os protestos na Tunísia derrubaram Zine el Abidine Ben Ali.
Sob alerta, a construtora elaborou a retirada. "Tínhamos um plano que imaginávamos que, se viesse a ser posto em prática, não seria tão rapidamente."
O estopim veio no sábado passado, com manifestações em Benghazi, reduto da oposição líbia. "Até sábado estávamos preparados para sair, mas acreditávamos que teria controle. No domingo, decidimos retirar todo mundo."
Finalizado o processo, ambos os canteiros de obras, de acordo com Rocha, ficarão a cargo dos empregados líbios.
Os líbios, diz o executivo, têm a mesma boa impressão dos brasileiros, o que parece muito útil para quem está lá.
"Desde que começaram os checkpoints, quando percebiam [que eram brasileiros], diziam "brazili!" [brasileiro, em árabe] e os deixavam passar com tranquilidade."
Mas, apesar da atmosfera favorável, no momento a incerteza é tanta que ele não sabe nem qual é o status dos contratos. "As seguradoras, por exemplo, já há dois dias consideram zona de guerra. Provavelmente será considerado caso de [cancelamento por] força maior."
RETIRADA
Para retirar os seus funcionários, Rocha conta com dois 747 com capacidade para 450 pessoas; ônibus para transportá-los da capital para Benghazi; um navio para 2.000 e mais dois ferryboats que, somados, levam cerca de mil.
Os aviões têm repetido o trajeto entre Trípoli e a ilha europeia de Malta com 450 passageiros por vez. O problema é que, além de o aval ser demorado, eles têm tido de competir com aviões de resgate de outros países.
Na alternativa marítima os desafios são a segurança das estradas e o mau tempo.
De, Rocha coordena o vaivém e torce para que toda a operação seja concluído, no máximo, até hoje.
O gasto, garante, não está em jogo. "[Serão] alguns milhões de dólares. Mas não é, de fato, nossa preocupação. Nós estamos priorizando a retirada da forma mais eficaz possível. Não fizemos as contas ainda, não."
+ CANAIS
+ sobre a Líbia
- Conselho das Nações Unidas aprova sanções contra Gaddafi
- França pede atenção a movimentações financeiras da Líbia
- Ex-ministro líbio anuncia formação de um governo opositor
- Moradores de Trípoli prometem manter protesto e derrubar Gaddafi
- Obama afirma que Gaddafi deve deixar poder 'agora'
+ notícias em mundo
- Brasileiros chegam a Atenas e relatam terror e ajuda de líbios
- AI acusa forças iemenitas de 'desprezo' à vida de seus cidadãos
- União Europeia adotará medidas restritivas contra Gaddafi com 'urgência'
- Tensão e presença policial em Pequim nos lugares dos protestos
- Exército egípcio se desculpa por confronto com manifestantes
+ Livraria
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alvo de piadas, Barron Trump se adapta à vida de filho do presidente
- Facções terroristas recrutam jovens em campos de refugiados
- Trabalhadores impulsionam oposição do setor de tecnologia a Donald Trump
- Atentado contra Suprema Corte do Afeganistão mata 19 e fere 41
- Regime sírio enforcou até 13 mil oponentes em prisão, diz ONG
+ Comentadas
- Parlamento de Israel regulariza assentamentos ilegais na Cisjordânia
- Após difamação por foto com Merkel, refugiado sírio processa Facebook
+ EnviadasÍndice