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27/02/2011 - 08h23

Odebrecht deixa no país obras no valor de R$ 5,2 bilhões

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GABRIELA MANZINI
DE SÃO PAULO

Os protestos que ameaçam a ditadura de Muammar Gaddafi também põem em xeque o trabalho da brasileira Odebrecht no país.

Luiz Teive Rocha, 57, presidente da Odebrecht Internacional, braço estrangeiro da empresa -- que, entretanto, exclui negócios na América Latina e em Angola --, contou à Folha, em meio aos trabalhos para a retirada urgente de cerca de 5.000 funcionários do país, que não existe "nenhuma" previsão para a retomada das obras.

Na capital líbia, Trípoli, estavam nada menos que dois de seus três maiores contratos: o do novo aeroporto internacional e o do Terceiro Anel Viário. O primeiro valia 1,4 bilhão (R$ 3,21 bilhões) e o segundo, 900 milhões (R$ 2,06 bilhões). Em ambos os casos, afirma, as obras estavam quase pela metade. O faturamento total da empresa em 2009 foi de R$ 40 bi.

"Estamos preocupados em retirar todos com segurança. Não há uma previsão [de retorno]. É uma previsão que, acho, ninguém tem", diz.

Mais duas grandes construtoras brasileiras, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez, estão na Líbia. Mas a Odebrecht é a que tinha o maior número de brasileiros -- 187, todos em Trípoli.

O executivo diz que o cenário atual, em que a capital parece cercada pelas tropas rebeldes e é palco de tiroteios violentos, parecia impossível duas semanas atrás. Que dirá quando as construções começaram, em abril de 2007.

Na época, as dificuldades estavam relacionadas ao fechamento da economia líbia, alvo de sanções internacionais. "Não era um país em atividade comercial regular com o resto do mundo."

Em quase quatro anos de obras, o brasileiro diz ter se impressionado com a rotatividade do gabinete. Ministros do Transporte foram três. Mas o trabalho ia bem até janeiro, quando os protestos na Tunísia derrubaram Zine el Abidine Ben Ali.

Sob alerta, a construtora elaborou a retirada. "Tínhamos um plano que imaginávamos que, se viesse a ser posto em prática, não seria tão rapidamente."

O estopim veio no sábado passado, com manifestações em Benghazi, reduto da oposição líbia. "Até sábado estávamos preparados para sair, mas acreditávamos que teria controle. No domingo, decidimos retirar todo mundo."

Finalizado o processo, ambos os canteiros de obras, de acordo com Rocha, ficarão a cargo dos empregados líbios.

Os líbios, diz o executivo, têm a mesma boa impressão dos brasileiros, o que parece muito útil para quem está lá.

"Desde que começaram os checkpoints, quando percebiam [que eram brasileiros], diziam "brazili!" [brasileiro, em árabe] e os deixavam passar com tranquilidade."

Mas, apesar da atmosfera favorável, no momento a incerteza é tanta que ele não sabe nem qual é o status dos contratos. "As seguradoras, por exemplo, já há dois dias consideram zona de guerra. Provavelmente será considerado caso de [cancelamento por] força maior."

RETIRADA

Para retirar os seus funcionários, Rocha conta com dois 747 com capacidade para 450 pessoas; ônibus para transportá-los da capital para Benghazi; um navio para 2.000 e mais dois ferryboats que, somados, levam cerca de mil.

Os aviões têm repetido o trajeto entre Trípoli e a ilha europeia de Malta com 450 passageiros por vez. O problema é que, além de o aval ser demorado, eles têm tido de competir com aviões de resgate de outros países.

Na alternativa marítima os desafios são a segurança das estradas e o mau tempo.

De, Rocha coordena o vaivém e torce para que toda a operação seja concluído, no máximo, até hoje.

O gasto, garante, não está em jogo. "[Serão] alguns milhões de dólares. Mas não é, de fato, nossa preocupação. Nós estamos priorizando a retirada da forma mais eficaz possível. Não fizemos as contas ainda, não."

 

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