Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
28/02/2011 - 04h19

Obama analisa com Ban Ki-moon novas sanções contra o regime líbio

Publicidade

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, receberá nesta segunda-feira na Casa Branca o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, com quem abordará a imposição de sanções multilaterais contra o regime líbio.

A reunião chega após um intenso fim de semana no qual tanto o governo americano como o Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas anunciaram sanções contra o governo de Muammar Gaddafi, a quem Obama instou no sábado a abandonar o país imediatamente.

O presidente americano assinou na sexta-feira um decreto para congelar os ativos do líder líbio e de sua família, um primeiro passo que a secretária de Estado Hillary Clinton seguiu horas depois com a aprovação de uma ordem para revogar os vistos de entrada ao país dos funcionários do governo líbio e de seus familiares.

O Conselho de Segurança da ONU concluiu na madrugada do domingo uma longa reunião dedicada à Líbia com um voto unânime para impor ao regime e a seu entorno sanções como o bloqueio de todos seus bens no exterior, a proibição de viajar ou o embargo de armas.

Obama e Ban debaterão agora quais devem ser os seguintes passos para bloquear o passo de Gaddafi, e o líder americano, em particular, deverá decidir se escuta propostas como a do senador John McCain, que lhe pediu no domingo do Cairo para declarar a Líbia zona de exclusão aérea e a considerar empreender ações militares.

FECHANDO O CERCO

Rebeldes armados adversários de Muammar Gaddafi assumiram o controle de Zawiyah, perto da capital Trípoli, no domingo, com o líder líbio novamente prometendo continuar no poder do seu governo, que já dura 41 anos.

"O povo quer a queda do regime", gritava uma multidão de várias centenas de pessoas, usando as palavras de ordem que ecoaram em todo o mundo árabe em protesto contra governos autoritários.

"Esta é a nossa revolução", acrescentavam, levantando o punho em celebração e desafio. Alguns se posicionaram em cima de um tanque capturado, enquanto outros se aglomeraram ao redor uma arma antiaérea. As mulheres estavam no topo de edifícios saudando os homens abaixo.

"A Líbia é a terra dos livres e honrados", lia-se em uma faixa. Outra representava a cabeça de Gaddafi com o corpo de um cachorro.

Buracos de bala marcavam prédios carbonizados em Zawiyah e veículos queimados haviam sido abandonados.

A cena, a apenas 50 quilômetros a oeste de Trípoli, foi mais um indício de que o poder de Gaddafi está se enfraquecendo.

Moradores de áreas de Trípoli montaram barricadas proclamando sua oposição ao governo, depois que as forças de segurança debandaram.

A televisão sérvia disse que Gaddafi responsabilizou os estrangeiros e a Al Qaeda pela agitação e condenou o Conselho de Segurança da ONU pela imposição de sanções e pelo pedido de um inquérito de crimes de guerra.

"A Líbia está segura, não há conflitos, Trípoli está segura", disse ele. "O Conselho de Segurança não acredita que Trípoli é segura."

REBELDES NO CONTROLE

O filho de Gaddafi Saif al-Islam disse que havia uma "grande lacuna entre a realidade e a mídia". "O sul todo está tranquilo. O oeste está calmo. A região central está calma, assim como o leste."

Para comprovar o fato, as autoridades levaram um grupo de jornalistas estrangeiros a Zawiyah, para mostrar que ainda controlavam a cidade. Mas ficou evidente que os rebeldes estavam no controle.

Residentes do local disseram que houve uma luta violenta pelo controle contra os paramilitares pró-Gaddafi munidos de armamento pesado.

"Vamos acabar com Gaddafi. Ele vai cair em breve. Ele tem que sair agora. Estamos perdendo a paciência", disse um homem chamado Sabri.

"Gaddafi é louco. Seu pessoal atirou contra nós usando granadas de propulsão", disse um homem, que deu o nome de Mustafá. Outro homem, chamado Chawki, disse: "Nós precisamos de justiça. Pessoas estão sendo mortas. O pessoal de Gaddafi atirou contra o meu sobrinho".

Um médico de uma clínica improvisada na mesquita da cidade disse que 24 pessoas haviam sido mortas em confrontos com correligionários do governo nos últimos três dias, e um pequeno parque ao lado da praça principal havia sido transformado em um cemitério.

"Precisamos de mais medicamentos, mais comida e mais médicos", disse o médico Youssef Mustafá. "Há muitos bons médicos na Líbia, mas não podem entrar em Zawiyah."

Moradores do local disseram ter capturado 11 combatentes pró-Gaddafi, sem ferimentos, e mostraram aos repórteres dois sendo detidos em uma cela na principal mesquita da cidade. Cerca de 50 mil pessoas, muitos trabalhadores migrantes, fugiram para a Tunísia desde 21 de fevereiro.

INIMIGO DE DEUS

Moradores de Tajoura, um bairro pobre de Trípoli, ergueram barricadas com pedras e palmeiras em ruas repletas de lixo e paredes estavam cobertas por pichações. Os buracos de bala nas paredes das casas eram provas da violência.

Moradores da área disseram que tropas dispararam contra manifestantes que tentaram marchar até a Praça Verde, no centro de Tajoura, à noite, matando pelo menos cinco pessoas. O número não pôde ser confirmado de forma independente.

"Gaddafi é o inimigo de Deus!", gritava uma multidão no sábado, no funeral de um homem que teria sido morto por partidários de Gaddafi.

A televisão estatal líbia mostrou novamente pessoas cantando a sua lealdade para com Gaddafi na Praça Verde, no sábado. Mas jornalistas estimaram o número em menos de 200 pessoas.

Havia filas em frente aos bancos de Trípoli para sacar os 500 dinares líbios (400 dólares) que o governo havia prometido que iria começar a distribuir no domingo para cada família.

Muitos não conseguiram o dinheiro. "Eles só ficaram com uma fotocópia da nossa identidade e cadastraram as pessoas em uma lista", disse um homem.

Em Misrata, uma cidade 200 quilômetros a leste de Trípoli, uma resistência de forças leais a Gaddafi, operando do aeroporto, foi controlada pelo derramamento de sangue, disseram moradores do local pelo telefone.

Mas grupos de exilados da Líbia afirmaram que aviões estariam atirando contra a estação de rádio local.

Na segunda maior cidade, Benghazi, que se libertou da autoridade de Gaddafi há uma semana, opositores do líder de 68 anos disseram que formaram um Conselho Nacional da Líbia para ser o representante da revolução, mas não ficou claro quem eles representavam. O grupo disse que não quer a intervenção estrangeira e não tinha feito contato com governos no exterior.

Com EFE e Reuters

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página